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quarta-feira, 27 de março de 2013

hoje é quinta-feira

ALFAMA-TE

E se um desconhecido se senta-se ao teu lado para jantar?

Por sugestão de terceiros, comecei a subscrever uma newsletter diária, a Lisbon Daily Secret. Todos os dias recebo no email uma ideia gira e diferente para fazer em Lisboa, desde um copo não-sei-onde, a uma loja imperdível de gira ou um qualquer canto desconhecido da cidade que vale a pena visitar, porque sim.

No outro dia a sugestão era arrojada, improvável. Jantares Mistério, sob o tagg de Share the Love. A ideia: e se um desconhecido se senta-se ao teu lado para jantar? Podia ser divertido.. Um jantar não com uma pessoa mas com dez, a acontecer no dia 1 de Abril. Pode parecer mentira mas não, trata-se de uma ideia de três pessoas que criaram o Alfama-te, consequência de uma vontade de não deixar a cidade dormir nem por um dia. Estes jantares com desconhecidos são uma das várias ideias do projeto e acontecem em casa de um dos moradores do bairro. Só se sabe que começam ás 21h. Tudo o resto é segredo até ao dia, a começar no meeting point.

E ontem em conversas, pensava nas boleias que apanhava na Índia e de como me pareciam mais do que seguras na altura. E de como achava que o máximo que me podiam fazer quando vou correr e ainda está de noite era levarem-me e não tinham muito a ganhar com isso. E que rumava para terras de sua Magestade na quinta-feira e não tinha nada assegurado, só a forma de lá chegar. 


E que somos inconscientes quando fazemos aquilo que não é o esperado por terceiros. Mas que é nesse momento, nesse preciso momento, em que arriscamos e voamos disparados para fora da confort zone, que começamos a deixar uma marca que mais ninguém pode deixar - a nossa. É preciso muita coisa para o fazer, várias a largar e ideias a gerar. Mas pelos exemplos de quem vai à frente, percebe-se que vale a pena. Obrigada Z!

E por isso, sei que entraremos em Sevilha amanhã. E sei que há 500 mil pessoas a fazer o mesmo e isso deixa-me em countdown ao minuto. Não sei se vou ao tal jantar, mas mais do que estar lá no dia 1 de Abril a jantar com 9 alminhas que nunca vi mas que bem tugas devem ser, quero que a ideia dos Jantares Mistério aconteça em Sevilha, durante os três dias. 

Conhecer cada uma dessas 500 mil pessoas, que neste momento não me são nada de nada.
#1 Não ir em modo-estrangeiro #2 Não viver em modo-arquipélago #3 Não perder oportunidades.

E voltar diferente, com mais 500 mil histórias para contar.

segunda-feira, 25 de março de 2013

ANSIOSA

pela mudança de hora.
Deixar de correr debaixo
de uma lua cheia e passar
a ver as caras de quem está
ali comigo, a começar o dia
a correr uns bonitos 7 km's.

sexta-feira, 22 de março de 2013

DEGRAU #2

Que aquilo que nos define nunca é uma das nossas caraterísticas.
Que também não nos define qualquer ideia que possam ter de nós.
Que não é, sequer, aquilo a que nos dedicamos dia e noite, que nos pode definir.

Somos feitos de ar e de água. 99%. Puro e duro. 
Mas tem que haver mais. Somos ar, somos água. 
E somos alma.

Sim, acho que é isso que nos define.
Essa essência única que ninguém pode copiar, levar emprestado ou sequer chegar a conhecer na totalidade.
É parte de nós, não tenho dúvidas. 
E vira quebra-cabeças porque não sei se algum dia chegarei a dominar esse campo, a conhecer essa alma, com todas as suas curvas e contra-curvas.


Não faz mal.
Alguém conhece e sabe mais. 
E isso, deixa-me dormir descansada todos os dias.

EAR-LOBES


Há as tendências cíclicas, com as roupas herdadas da avó a roubar 
(passados 40 anos de terem sido feitas numa modista), 
um "onde compraste isso??".

Há aquelas ideias que são inspiradas em coisas que não 
nos passariam pela cabeça, e dão lugar a ideias giras, de giras.

E depois há os ear-lobes, i-rre-sis-tíveis.

Uau.

Só precisei de dizer isto, na mensagem que mandei para as três pessoas 
que me servem de referência de estilo e a quem não podia 
deixar de parte neste segredo tão bem guardado até agora.


E com temas de elevador, o regresso faz-se devagar devagarinho. Mas faz-se!
Obrigada, obrigada, obrigada!

segunda-feira, 18 de março de 2013

FECHADO

Para férias, por tempo indeterminado.

Sei que vou voltar, vou voltar, mas se continuo a forçar um regresso, a qualidade (discutível) do que aqui escrevo, será inevitavelmente prejudicada. Neste momento foi-se aquilo que me fazia vir, a inspiração, as ideias ordenadas, a capacidade de raciocínio, a confiança no que sou e no que quero para a vida.

É um novo tempo, de desenhar projetos a uma voz, de querer ver crescer tantas coisas dentro e fora de mim, de querer conhecer as várias costelas que me constituem. De querer perceber porque é que faço isto ou aquilo, como vivo os vários minutos dos 1.440 que me são dados todos os dias, o que é que me faz correr sem me cansar. De saber lidar com imprevistos, parar à frente das adversidades e ter jogo de cintura suficiente para lhes passar ao lado, simplificando o que à primeira vista possa parecer complicado.

É um novo tempo, de aproveitar os fins-de-semana para voar e conhecer esta Europa que está a poucas horas de distância – com elas, com eles, com quem se juntar. A solo, que também me parece muito tentador. De dançar até cair para o lado, de conhecer pessoas novas, diferentes de mim, que é precisamente aí que as relações se potenciam. De dar o litro pelo meu trabalho, todos os dias, com o mesmo gosto com que se come um santini de marabunta ao final de uma tarde de Verão. 

De voltar a acreditar que valem tudo, esses 103% que pomos no que fazemos, no que estamos. E com quem estamos.
É uma altura por eleição, de pensar menos e deixar que a vida tome o rumo que melhor lhe assentar. 
Sem a minha mão, sem querer controlar, deixar-me levar.

Sei que estou longe de querer uma vida calma, daquela que se vê passar como espetador. E estou bem assim, quero isto assim. Se chegar até lá, terei 89 anos um dia e aí sim, poderei ver de longe tudo o que passou e o que se criou. Agora, é tempo de deitar mãos á massa e sentir o ritmo de cada batida. Construir aquilo que um dia serão as histórias a contar aos netos. E a mim própria, lembrando-me que tudo valeu a pena.

Neste momento, só há uma certeza: que vem aí uma coisa em grande, daquelas pelas quais esperamos uma vida inteira.

Até breve!
A

quinta-feira, 14 de março de 2013

MEDIA REPORT


Os cabeçalhos das notícias em Portugal são, 
na maior parte das vezes, enganosos, 
dúbios, alarmistas. Mas este era preto
no branco, muito clean. Too clean.

" Uma jovem norte-americana, de 22 anos, 
é acusada de tentar vender os seus dois 
bebés - um de 10 meses e outro de 2 anos - 
através do facebook. O objetivo da 
cidadã era arranjar dinheiro para pagar a 
caução do namorado que se encontra 
detido por tráfico de crianças."

Neste século onde estamos, já nada me choca. 
E hoje torna-se um dos 74 dos 365 dias do ano 
em que queria ter nascido em 1800-e-troca-
-o-passo. Bem no meio do povo, o mesmo
que grita água vai! e anda com as bochechas 
pretas de limpar chaminés.

quarta-feira, 13 de março de 2013

VII

Por aqui aguarda-se impacientemente os resultados da VII Avaliação da Troika que tardam em sair do forno. Quando chegarem, é seguir diretamente para o capítulo em que se refere onde e quando vão ser cortados os 4 mil milhões de euros.

Ainda não é hoje.

terça-feira, 12 de março de 2013

CUM CLAVIS mood

NOTE TO SELF

Tens um dia.
24 horas para começar a arrumar a confusão de ideias.
24 horas para deixar cada coisa no sítio onde pertence.

Escolhe bem os taggs que lhes vais dar. Escolhe o do life goes on, o do sem dramas, o do foi bom, muito bom, enquanto foi. Escolhe o tagg do imprevisível, o do não está nas tuas mãos, o do passou num flash, o do agradecer porque valeu.

Acima de tudo, escolhe o tagg do crescimento.
Por saíres disto diferente, com uma nova visão do que és e do mundo que tens pela frente.

Um mundo de coisas a esperar, a conhecer e a mudar.

fez-me lembrar



aquele dia em que agarrei nas minhas tralhas e menos-tralhas, quatro da manhã, frio de rachar. Tudo enfiado dentro do carro até não poder ver ri-gorosamente nada pelo espelho retrovisor, mapa nas mãos e dirigir-me aquela que o povo chama de A Majestosa Feira da Ladra. O meu metro quadrado estava garantido, alugado há uma semana e o dia prometia render. Fomos em família, mulherio solo e virou festa: a M gritava a plenos pulmões que tinha "a calça mai' barata do mercado!"; a V berrava em modo lota "a cigana perdeu a cabeça, é tudo a cinco euró"; a L convencia os transeuntes de que os lenços e chapéus de escuteira eram o último grito da moda, "uma oportunidade única fregueses!".



Todos gostamos de fazer uns busi(nesse)s, vender umas coisas aqui, ganhar umas margens ali. E hoje, mal aterrei no oitavo andar, estava o outro a rejubilar, quase comovido, por ter vendido, no OLX, um parque dos miúdos que já não tinha utilidade para além de constituir o senhor mono da casa. Perguntei-lhe o que se seguia. Ele, de olhos a brilhar, parou para pensar. 

Por não querer esperar, avancei. "Achas que um dia será a vez dos filhos, quando te triturarem a cabeça?". Acenou que sim, que era exatamente o que lhe ia na cabeça, mas estava sem coragem para o dizer. E logo a seguir: "Pensando bem, não. Esses dois não têm preço!"

sábado, 9 de março de 2013

primeiro dia de aulas

Estava a precisar disto. A definição (certa) de prioridades anda longe de ser forte e a vontade de corresponder a expectativas tem estado acima dos 43ºC. Entre isto tudo e o não saber distinguir entre urgent, not important e urgent, go do it deixei o blog, na última semana, a demolhar.

Abri a agenda, 9 de Março. Tinha várias coisas, já não havia espaço em branco na Moleskine que não me larga as saias. E ali, em letras minimini, "hoje, vais escrever no teu blog; quer faça chuva ou nevoeiro, vais até lá". E como o propósito da agenda só se concretiza se eu não furar o esquema, ao primeiro raio de sol saí de casa. 

Levei-o comigo, por ser a minha fonte de inspiração. Levo-o sempre, sempre que quero recomeçar alguma coisa no mundo das artes. Dá-me aquilo que eu preciso para ter a dose certa que me faz pensar para além das 27 horas que dou ao dia. Já se passaram muitas estações do ano, muitas fases diferentes, muitos cantos de várias casas. Mas ele, esse, continua aqui. Já achei que fosse a minha paixão platónica, o protótipo do homem com quem um dia partilharia a colher da sopa e a pasta de dentes expremida a meio. Depois veio o desânimo, foste por esse caminho? Aquilo que parecias, estás assim tão longe disso no real? E agora, somos amigos. Bons amigos. Daqueles que nunca se conheceram, nunca falaram. Nunca se viram. Mas eu, eu sei muito sobre ele.

E hoje, antes de voltar, ele dizia-me assim: "Entretanto, faço rápidos progressos linguísticos, e já consigo manter mais ou menos uma conversa em bundo, embora, claro, haja ainda muitas palavras que me escapam. Quando entro no hospital, onde já me espera uma inimaginável chusma de doentes, levanto o braço e digo Môio (olá, bom dia) e toda aquela gente se põe a gritar Môio num pandemónio de berros. À saída, volto-me para eles e berro Euáeuá (adeus) o que dá lugar a novas manifestações de entusiasmo. O tempo que perco, meu Deus, com coisas marginais. E depois há o outro horrível problema: escrever será realmente importante e útil? Sim ou não? As pessoas que lêem são uma dolorosa minoria... Quem se interessa por isso? Mudarão as coisas um dia? Gosto tudo tudo tudo de ti. Sempre. Até ao fim do mundo, meu único e grande amor. Quand tu morurras les oiseaux se tairont pour toujours."

Despedi-me de ti, até logo ALobo Antunes, fechei o livro e vim para aqui.
Hoje é um bom dia para voltar. Já aqui estou.