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segunda-feira, 29 de abril de 2013

ÓSCARES

E os próximos livros a devorar vão para:

1. In la Educación Sentimental, de Julián Mariás
2. La voz a ti debida, de Pedro Salinas, Clásicos Castalia, Madrid 1974
3. iAdentro!, Obras Selectas, Plenitud, Madrid 1965
4. Gli atti del amore (Os atos do amor), de Kierkegaard Soren-Rusconi, Milão 1984
5. Retórica, de Aristóteles
6. Ensayo sobre el amor humano, de Jean Guitton, ed. Sudamerica, Buenos Aires 1968
7. Estudios sobre el amor, de José Ortega y Gasset, Revista Occidente, Alianza Editorial, Madrid 1981
8. Los miedos del hombre, de Juan Cardona Pescador, Rialp, Madrid 1998
9. Amiel, de Gregorio Marañon, Espasa-Calpe, Madrid 1967

O Natal ainda está longe, mas não faz mal se eu for fazendo a wish list pois não? A maior parte trata o amor humano e a educação dos afetos, temas que me deslumbram de uma forma inacreditável. Vou começar a investigar Amazon's e companhia. Maaas.. se alguém tiver e quiser emprestar, são também muito bem vindos!

se eles dizem..

.. eu acredito.

Harvard e Cambridge publicaram recentemente um compêndio de 20 conselhos para melhorar a qualidade de vida de forma prática e habitual. Segue um resumo, para nos inspirar:

#1 - Copo de sumo de laranja diário - aumenta o ferro e repõe a vitamina C
#2 - Salpicar canela no café - mantém o colestrol baixo e estabiliza os níveis de açucar no sangue
#3 - Trocar o pão normal pelo integral - tem 4 vezes mais fibra, 3 vezes mais zinco e 2 vezes mais ferro
#4 - Mastigar os vegetais por mais tempo - aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos libertados no corpo (sinigrina)
#5 - Laranjas, laranjas, laranjas - reduzem em 30% o risco do cancro do pulmão (bom para os fumadores)
#6 - Refeições arco-íris (tenho pouca paciência para esta) - pratos variados, com todas as cores, criando uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais
#7 - Comer o que puder ser, com molho de tomate - o licopeno, um antioxidante presente no tomate, pode inibir e ainda reverter o crescimento dos tumores e é mais absorvido se o tomate estiver em souce-mood
#8 - Adotar a regra dos 80% - Servir-se de menos 20% do que o normal reduzirá o risco de diabetes e ataques de coração
#9 - Evitar as pastilhas elásticas - O mastigar constante de pastilhas aumenta a probabilidade de sofrer de arterosclerose, porque os vasos sanguíneos tornam-se mais estreitos, o que pode preceder a um ataque de coração
#10 - Rir. Rir muito. 100 a 200 boas gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida! Para além disso, baixa o stress e acorda as células naturais de defesa e os anticorpos
#11 - Não descascar a fruta nem os vegetais - os nutrientes estão nas cascas
#12 - Ligar para os pais e restante família de vez em quando - Harvard afirma que 91% das pessoas que não mantêm laços afetivos com a família, especialmente com a mãe, desenvolvem mais doenças cardíacas
#13 - Chávenas de chá verde - aconselha-se uma por dia já que os antioxidantes aqui presentes diminuem o risco de doenças cardiovasculares
#14 - Ter um animal de estimação (not! dos poucos que tive, só gostei dos peixes por viverem bem dentro de água salobra e baterem as barbatanas passado pouco tempo)
#15 - Birdy like - sementes de girassol e sementes de sésamo nas saladas, bem como os cereais, e as nozes no meio das refeições, reduz o risco de diabetes
#16 - Uma banana por dia, dispensa o médico, segundo a Universidade de Berkeley - previne a anemia e a tensão arterial alta, melhora a capacidade mental, cura ressacas, alivia a azia, acalma o sistema nervoso e reduz o risco de enfartes
#17 - Comer chocolate (chato..) - duas barras por semana aumentam os anos de vida, e o chocolate preto tem mais ferro, magnésio e potássio
#18 - Pensar positivo - os otimistas podem viver até mais 12 anos que os pessimistas e constipam-se com mais facilidade
#19 - Ser sociável - pessoas com fortes laços sociais e bons amigos são mais saudáveis
#20 - Conhecer-se a si mesmo - os verdadeiros crentes e aqueles que dão prioridade ao ser sobre o ter vivem mais e melhor os anos que por aqui andarmos.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Na cabeça é segunda. Na disposição, sexta.

DEGRAU #3



Olhaste para o meu pulso e perguntaste as horas. 

Já estavamos ali à conversa há algum tempo, mas nem tu nem eu sabíamos quanto. Porque passava sempre assim, mais rápido que a própria luz. 

Depois, quando olhei e me comecei a rir, soubeste a resposta. “Não funciona pois não?”. “Não”. Olhei para o teu pulso e também tinhas relógio. 

E foi nesse instante que percebi que nada tinha mudado, somos iguais ao que eramos há anos atrás. Contigo aprendi a dar os primeiros passos em 77% daquilo que hoje me define.

Tem sido assim, desde que voltámos a ser. Estamos, o tempo que for. E quando volto para o meu mundo e tu para o teu, agradeço mil e uma vezes o isto-que-já-foi e que podia não ter voltado a ser.

Mas foi e é. E é. Voltou a ser hoje e voltará a ser daqui a menos de uma semana. Obrigada pela décima quarta oportunidade. 

Longe vai o dia em que te conheci e quero que longe, também, vá o dia em que achei que seria melhor ficares ali, mais ali. Mais longe.

MATT CORBY

Dear Matt, 
Como é que me passaste ao lado em Dezembro?.. Ainda por cima tocaste no Santiago Alquimista. 
Sei que não posso voltar atrás mas queira mesmo ver-te, um destes dias. Voltas?

iBOOKS

Por aqui, lê-se mais do que nunca: desde as Holas que deixam o cérebro a marinar um bom tempo-precisa-se, a Dostoievski, passando pelas Vogues e acabando nos livros que passam a alma a ferro, deixando-a num brinco. Lê-se de tudo e precisa-se de tudo. Para ganhar nova bagagem e vir para aqui dizer coisas que interessem a alguém, antes que isto vire blog-diário que me traz sempre à cabeça uma ideia de ego-centrismo zero atrativa.

Ontem, antes de fechar os olhos, fui ao baú dos textos que guardo religiosamente, por serem marco importante de uma qualquer fase da vida. Como chegaram até mim já não me lembro, mas continuam atuais que dói! Senhoras e senhores, apresento-vos Margarida Rebelo Pinto.

"Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem para dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer. E mesmo que a voz trema por dentro, há que fazê-la sair firme e serena, e mesmo que se oiça o coração bater desordeiramente fora do peito é preciso domá-lo, acalmá-lo, ordenar-lhe que bata mais devagar e faça menos alarido, e esperar, esperar que ele obedeça, que se esqueça, apagar-lhe a memória, o desejo, a saudade, a vontade. Às vezes, é preciso partir antes do tempo, dizer aquilo que mais se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a Deus que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte. Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizémos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito. Somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor. Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo a baixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda-fora, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo. Às vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio, paz e sossego, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar. Até se conformar e um dia então esquecer."

Não te conheço, mas obrigada. É mais ou menos isto.
Com menos uma pitada de drama e mais uma mão cheia de que-bom!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

volta não volta

este assunto tira-nos o sono. Há muitíssimas formas de escravidão hoje em dia, a começar nas consultoras e a acabar nestes casos mais concretos. Depois de ver este filme, em que uma ONG promove a consciencialização para o facto de continuar a existir  tráfico de mulheres por todo o Mundo, sei que me voltará a tirar o sono.

E impressiona-me que os teasers do "neste momento, duas mulheres foram traficadas" ou o do "a cada minuto, são retiradas das suas famílias 4 mulheres por todo o Mundo", já não colem. Estamos mais insensíveis? Já não faz assim tanta confusão?


Gostei da ideia e de ver que quem viu a carrinha transparente, não ficou indiferente.

GOOGLE MAPS


O problema: dois casamentos aí à porta.
O problema real: onde estás tu, querido vestido, que me vai safar um bom kit? Quais são as tuas coordenadas? É que já te procurei na internet, nas lojas mais próximas e nos armários de amigas-same-size.

Já sabes o meu número.. Qualquer coisa liga, sim?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

e ela assim

- Olhe, desculpe, tem isqueiro aí à mão? janela aberta, sete da tarde, baixa-chiado.

e ele assim, meio apanhado desprevenido, a tocar nos bolsos da camisa à procura daquilo que lhe parecia ir salvar uma vida. Sorriso, como quem descobre ouro.

- Encontrei! olha para o lado esquerdo, olha para o lado direito e atravessa a estrada ao encontro da miúda cheia de lata, dentro daquela lata.

- Muito obrigada, vida salva e ritual de fim de tarde não quebrado. Empregado do restaurante volta a atravessar a estrada. Lata preta arranca.


Mas apesar do meu isqueiro estar em tua casa, querida T, foi uma semana daquelas! Foram dois dias passados juntas, a meter a conversa em dia e a aprender que se dá duas de mão ali e um extra-brilho aqui. A matar saudades dos bons velhos tempos em que descobrimos que eramos não só irmãs, mas gémeas e que nos conhecíamos como ninguém - nas parecenças e nas diferenças. 

E pensar que daqui a uns bons anos podem estar a correr por esses corredores umas coisas queridas e que as paredes que eles riscarem (com todo o meu apoio, liberdade de expressão on top, sempre), foram as mesmas que as queridas mãe e tia pintaram, penduradas em escadotes preclitantes, até ás 4 da matina. Sweet!

é que eu quero tirar de ti o teu melhor tu

in La voz a ti debida, de Pedro Salinas

FLASH(ION) MOB

O que se pensa sobre o sol que está aí a espreitar para este fim-de-semana:

Que o bikini expõe, aquilo que o fato-de-banho propõe.

Mais um to do'zinho para aumentar a lista, já pequena: aprender a costurar os meus fatos-de-banho, porque são pelo menos 10 as ideias que tenho neste momento, para visitar as praias do Sul.





terça-feira, 16 de abril de 2013

FWA

Já começou! Já começou!

Estou deslumbrada com a Fashion Week Australia, com os looks de sol e com as peças de roupa arrojadas. Inspirador, no mínimo. Não gosto de todos os tamanhos nem de todos os feitios, mas gosto das qualidades que se percecionam à distância, dos looks casual que fazem lembrar o fim-de-semana de despedida de solteira que se aproxima e a célebre frase que me orienta quando começo a pensar em perder a cabeça nas lojas que cercam o meu escritório. A ideia fundamental é esta: para que é que te preocupas com o que vais vestir? Vê os lírios do campo. Nem Salomão, na sua magnificência, se vestiu como qualquer um deles. Muito atual, sem dúvida..

Sol do Verão, ainda demoras muito a chegar ou queres que espere?







  











Updates to come!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

AGORA COMEÇO

Há uma liberdade que nos constitui e que marca a diferença entre o eu e o eu e entre o eu e nós. Cada um define os seus próprios limites: umas vezes em prol da linha, outras porque sabe que por aí, exatamente por aí, não há caminho possível e outras vezes por saber mais do que à partida gostaria.

A essa liberdade, unem-se todas as decisões que tomamos - maiores, mais pequenas. Mas em todas, há o instante imediatamente anterior à tomada da decisão, em que queremos dominar o que se passa, controlar o que fica por dizer e acertar o first shot. Na maior parte das decisões, queremos que alguém esteja ali, ao nosso lado. A dar o ritmo aquela que nos parece ser a jogada para bingo e que no caso da coisa dar para o torto, poderá justificar parte da decisão. No fundo, as decisões 100% nossas são poucas, muito poucas.

E tudo isto segue uma normalidade que não espanta: vivemos em comunidade. Queremos a aprovação dos que estão sentados ali, à nossa volta. Queremos acertar à primeira em tudo, porque esse tudo são 78 anos de vida na melhor das hipóteses e não há tempo a perder. Queremos ser aquilo com que sonhamos desde pequenos, com ligeiras alterações. Sabemos o que não queremos, mas isso está longe de ser uma decisão. As decisões, essas, são sempre afirmativas. Não queres isto, porque queres aquilo. Na afirmação está a decisão.

Há uma liberdade que nos constitui e que marca a diferença entre o eu e o eu e entre o eu e nós. Vivemos desta liberdade: atrai-nos a ausência de limites, o risco de saltar telhados, os espaços sem fronteiras de nenhum tipo. E tem tudo a maior graça, até perceber que as limitações não estão nas decisões. Os limites à minha liberdade não estão na altura do telhado que quero saltar, estão dentro de mim. Para ser totalmente livre, tenho que libertar o que me constitui. E isso implica dois conceitos-chave: o querido auto-conhecimento e o seu primo, o auto-domínio.

Não vives para estar fechado em ideias, em espaços ou em paragens de autocarros. Mas se queres realmente ser-te, em plenitude, precisas de te conhecer. A fundo, a fundo, a fundo.

Foi a isto que me dediquei nos últimos dois dias de um fim-de-semana de sol em Sintra. Foram dois dias de retiro em silêncio, a tentar reconstruir os fragmentos dos 365 dias do último ano. Umas vezes com sucesso, outras a meio-gás e outras a saber que preciso de começar do zero. A juntar as peças de um puzzle de várias fases, duas trocas de emprego voluntárias, amores e desamores, muitos quereres, mudanças de vida - minhas, na da T, delas -, gente nova, desconhecida há 366 dias atrás.

O que me fez voltar este ano? Saber que, à semelhança do passado, volto como uma folha A4 nova, sem vinco. Com baterias recarregadas e a ver tudo com 300% mais luz. Acima de tudo, faz-me voltar a única parte que se mantem segura e lado-a-lado na minha vida, desde há 23 anos - a fé.

PERA ABACATE COM IOGURTE GREGO

sobre rodas

Em linhas soltas, Chavez tinha deixado bem claro, antes de morrer, qual O homem que o deveria substituir, por ser aquele que melhor representava as suas ideias e políticas. A amizade com Nicolas Maduro começou quando Chavez serviu pena de prisão e Nicolas, na altura condutor de autocarros, começou a organizar a campanha que promoveria a libertação do ex-Presidente. Foi também neste ambiente que Maduro conheceu aquela que seria a sua futura mulher, Cilia Flores, uma advogada de peso, responsável pela defesa de Chavez.

Nicolas Maduro ganhou ontem por 50,7% as eleições presidenciais na Venezuela, contra Enrique Capriles.
De condutor de autocarros a Presidente.
Foi perseguido por não ter um canudo que lhe desse a categoria de senhor. Mas piscou o olho a quem assim pensava, através do slogan que o levou à vitória:

"Chavez sets the route, Maduro takes the wheel!"

sexta-feira, 12 de abril de 2013

não-tão-mau

Faltou-te ler: 
# Que os espinafres não entram na panela 
enquanto ainda estão congelados

# Que tens que tirar o queijo do molho 

béchamel antes de começar a derreter

# Que convém que os piréxes tenham o tamanho 

certo para encaixar as placas de massa fresca

Mas safou.


E ontem, estavas para a cozinha como o Facebook está para a nova aplicação Home - um género de vamos ver no que isto dá, porque quem não arrisca não petisca.

soa a 'mimo precisa-se'

Quando se lê, no final de um artigo de opinião:
“Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico”

quinta-feira, 11 de abril de 2013

HIGH HOPES

Depois de descobrir a YouCook, não quero outra coisa. É o substituto ideal para pessoas que, como eu, não nasceram para nada que derive do verbo cozinhar. Gosto de tudo o que lhe está ligado - sim, sim, todos os clichés e mais alguns. Gosto do vinho branco ou tinto de acordo com o que está ao lume, gosto do avental de Ponte Lima, gosto da música de fundo e gosto de ter companhia. Mas tudo o resto, dispenso. Não percebo o que é o QB, não sei dosear a olho, não conheço o conceito de pitada. Fico três horas a olhar para o papel, a tentar perceber a senhora prendada que escreveu a receita, o que é que a mulher quer dizer com deixe a panela ao lume até atingir ponto rebuçado?, e chego inevitavelmente a um fim - muito doce ou demasiado salgado.

Hoje, é dia de cozinhar para umas 15 pessoas. Agarro na receita da lasanha de legumes e enfio-me no supermercado mais próximo a tentar arranjar tudo e a descobrir que a noz moscada custa 44€/Kg e que os espinafres podem ser comprados congelados, e que há 500 tipos de queijos e mais misturas de queijos e há até os três queijos (!?), e, e.

E agora, rumo a casa (queridas alminhas benfiquistas, podem deixar a rotunda do aeroporto desocupada? É que eu sou da concorrência e hoje precisava mesmo de chegar à minha cozinha em 5,7 minutos..) vou começar a receita que promete.

Amanhã, numa palavra, digo como ficou o resultado. Mau ou não-tão-mau.

Wish me luck!

olhe, desculpe


Quero o dia de ontem como não quero o de hoje.
E quero o de amanhã como preciso de todos.

E volta todo um registo de utopia que andava adormecido e que a muito boa gente faz perder a paciência. 
A mim, puxa-me de volta a um segmento de cérebro por desvendar.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

aquela bolacha

está a olhar para mim desde que cheguei, a devorar-me com os olhos.
A mim, que não lhe fiz nada!

Conclusão sensata: Tratar do assunto o mais rápido possível.

CONVERSAS ÁS 23H15

Ele: Boa noite, tem um cigarrinho?

Levantou os olhos do bloco de papel que tinha em cima dos joelhos e olhou para aquele que tinha interrompido a sua dissertação noturna.

Ela: Olá, boa noite com hesitação, não havia mais ninguém ali à volta e a cara era mais desconhecida agora que há dois minutos atrás. Desculpe, aqui só tenho isqueiro, os cigarros ficaram no carro..

Ele: Sem problema. Já agora, podemos conhecer-nos?

Ela olhava para o lado, à procura de alguma coisa que a fizesse parecer ocupada, muito ocupada. Tinha as folhas e tinha uma caneta, o suficiente para parecer ocupada ás 23h de um dia de semana. Tinha ainda sete degraus à sua frente, os degraus daquela que era paragem obrigatória nos tempos que correm.

Ela: Desculpe, continuava naquela mania irritante de pedir desculpa porque sim e porque talvez, agora estava ocupada com umas coisas.

Ele: Sem problema. Tenha uma boa noite!

(Passaram-se 3 minutos, 2 minutos e muito se bem contado)

Ele: Olá outra vez!

Voltou a sair do seu espaço de tempo e olhou para cima. Era novamente o mesmo senhor retinto de há 2 minutos e muito atrás, e desta vez vinha sorridente, um sorriso-menos-3-dentes. E desta vez a expectativa aumentara com o que viria aí - se um novo amigo ou se menos um telemóvel.

Ele: Arranjei dois cigarros. Um para mim e um para si!

Ela agarrou no Chesterfield, derretida com o senhor do sorriso-menos-3-dentes.

Ela: Obrigada por se ter lembrado.
Ele: E agora? Já nos podemos conhecer?
Ela: Sim, claro que sim a meio gás, sem saber o que significava 'conhecer' no meio daquela rua, naqueles degraus e aquelas horas do dia. Olá, eu sou a Ana.
Ele: Mana? meio incrédulo, a achar que a miúda já queria pertencer ao gueto antes mesmo de ter sido convidada a entrar.
Ela: Não, não. Sou a A-na. Ana. E tu?
Ele: Ah, eu sou o Xico. Xico Esperto.
Ela: Olá Xico, obrigada pelo cigarro, continuava naquela mania irritante de agradecer mais do que uma vez porque sim e porque talvez.

Nisto, vê-se o Xico a baixar-se, uma cara de sorriso-menos-3-dentes em direção a ela.

Ela: Ah, dá direito a saudações à séria?
Ele: Sim, a duas! Um, saltinho e outro referindo-se aos dois beijos pespegados na cara dela.

Trocaram sete palavras, não mais. Foi-se embora tão depressa como chegou. E ela ficou a pensar na gente boa que para aí anda, gente simples: com menos 3 dentes e mais de dez estrelas.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

DÚVIDA #1

O que é que se faz quando deixa de haver espaço na lista de to do's, que insiste em crescer todos os dias?

Tudo menos resolvê-la.

já é tarde

e parece que o dia ainda vai a meio.
Segunda-feira, minha querida segunda-feira. Estás ao nível de baratas da Índia, chuva no Verão ou acordar antes do despertador. Desde sempre. Até que na tentativa da tua mais célere passagem, te comecei a chamar Terça1. Resultou até agora, altura em que te terei que batizar outra vez.

Recebi deles, e deu nova inspiração para as horas que faltam.
Espero que surta o mesmo efeito desse lado (e que já não falte hora nenhuma!)

And I'm hungry.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ORGULHO E PRECONCEITO

Quando as intrigas internas, o não saber calar e a ausência de jogo de cintura justificam a vontade de 3 Ministros abandonarem o Governo português, a coisa fica feia. Fica preta. Esta geração da imagem, que eu pensava ter começado na minha, já vem do tempo dos senhores por quem eu nutria todo o respeito que me é possível ter pela política em Portugal - respeito frágil, mas convicto. E agora, um é porque o outro tem uma visão de detalhe enquanto ele defende a transversal. A outra é por ter sido desautorizada pelo outro. O outro é pelo cansaço acumulado. 

Percebemos tudo, somos sensíveis a quase tudo. Mas deste lado é igual, nem todos os dias são guaraná e a única certeza é que, de segunda a sexta, o nosso lugar é ali, naquela secretária, melhor ou pior. Mas é ali.

Vá lá, queridos Ministros, deixem as confusões em casa e venham trabalhar. 
Ainda me sobram uns ovos de Páscoa, para o caso do problema ser birra de sono..

we accept the love we think we deserve

in Perks of Being a Wallflower

quarta-feira, 3 de abril de 2013

MEU PRÍNCIPE REAL

Vemo-nos a des-horas mas não passa um dia em que não o façamos. Dou voltas à cidade, justifico os km's a mais com ter que passar na bomba de gasolina a comprar Cs, chego até a perder-me por ruas que nem sabia existirem. Mas faço questão de te visitar quando largo o serviço, mesmo que estejas desconsolado ou gelado - com chuva ou com frio, eu estou aí. São cinco, são sete minutos. Mas é o tempo suficiente para ver se mudaste de corte de cabelo, de pessoas ou de luzes. Mudas e não mudas, mas reconheço-te sempre.

És paragem obrigatória. 
Até logo, á mesma hora.


psicologia feminina #4

Se queres conhecer a cidade onde vives, desiste de ir lá por ideias de outros: vai ao restaurante tal, passa ali no miradouro onde se vê não-sei-o-quê, conheces isto?, não percas aquele espetáculo. Vais acabar por fazer duas das vinte coisas que te disserem.

Em vez disso, vai por ruas.

Começas por esta: Rua da Alfândega, entre o mítico Campo das Cebolas e o majestoso Terreiro do Paço.

#1 Osteria Bucatini
Taberna Italiana complementada por um bar de gin. Mix perfeito.

#2 Igreja da Conceição Velha
Bastou saber que tem uma bonita azulejaria, factor decisivo e que me conquista em Lisboa.

#3 Vinho sem Princípio
Aqui quem manda são os vinhos, com mais de uma centena de hipóteses, acompanhados e bem acompanhados pelos petiscos típicos de Portugal - bochechas de qualquer coisa e respetivos primos.

#4 Hamburgueria Gourmet - Café do Rio
Com proprietária carioca, tem mais de 30 hipóteses de carnes de vaca biológica com origem alentejana. Não sei se chegará a substituir o meu querido Honorato mas vale a pena experimentar.

#5 Castella do Paula
Casa de chá com 10 anos de existência, ir para o serviço Nagasaki, servido entre as 17h e as 19h. Brioches japoneses, recheados com doce de feijão azul e nozes, a sair aqui para a mesa 7.

A 50% do fim-de-semana, o aquecimento começa já hoje!

HACKING

Numa tentativa de deixar de roubar fotografias que gosto mas que não me pertencem, e por saber que a originalidade ganha, lavei a cara ao blog (a 8 dias de fazer anos de qualquer coisa - 3 meses de ter sido criado) com uma fotografia pessoal, sem tratamento.

Voltava já hoje para este preciso sítio e para este exacto momento, mas isso é outra conversa.

terça-feira, 2 de abril de 2013

PIMENTA PRETA

como se chamam


aquelas coisas que, quando se descobre, queremos mandar para toda a gente, riscar aquelas palavras em modo graffiti pelas paredes da casa inteira e deixar ligado o repeat pela noite dentro?

Hoje, chama-se Brene Brown. Brene. Brown.
Já vi muitos TEDs, já me deslumbrei com alguns. Mas na maior parte deles, consegue-se perceber que não passam de frases bonitas, crazy-one-during-day-ideas, coisas que os próprios dizem viver mas que estão bem longe, lado a lado, com o resto da plateia. Longe de pensarem a sério naquilo que nos fazem acreditar. Longe desta senhora, que se dedicou a estudar... não. Não vou tentar escrever aquilo que ela fez ou tentou fazer. Vou deixar o link e esperar de olhos semi-cerrados e punhos apertados que gostem tanto como eu. Esperar que, pelo menos, vejam até ao fim. É aqui, é aqui!

Hoje foi um dia importante para deixar de falar como se não houvesse ninguém desse lado. Com a vulnerabilidade própria de não ver caras, tentei não quebrar a ideia de que faço isto "para mim". Não faço, sei-o desde o primeiro segundo. Mas agora, vendo os 7.000 olhos que já espreitaram para estas linhas, chegou o momento de dar as boas vindas a quem está desse lado. Puxe uma cadeira, traga um chá e mantas, aumente o volume da música e deixe-se ficar o tempo que quiser. Bem-vindo a estes degraus!

PÓDIO

#1 Grécia | 26,4%
#2 Espanha | 26,3%
#3 Portugal | 17,5%

Taxas de desemprego, dados atualizados à data de hoje.
Só para relembrar que, a emigrar, devo deixar em banho-maria as hipóteses acima.

Ou até mesmo onde vivia o Shrek, em  far far away.

TO: LEO TOLSTOY

Happy families are all alike; (but) every unhappy family is unhappy in its own way.

Bem-vindo à minha mesa de cabeceira.
Tenho adormecido com as suas ideias, a entrarem por osmose a velocidades limite.
São inacreditavelmente boas cada uma das linhas do que escreve.
Como se consegue tanta clarividência no meio do maior mistério de que se faz o Império Russo?
Estou no Capítulo V e já não quero que o livro acabe. 
Já leio e releio alguns parágrafos e quero passá-los para a moleskine para garantir que o lerei muitas vezes pela vida fora.
Gostava de o ter conhecido.

Porque é o primeiro autor que me faz não querer saltar para a última página só para garantir que o fim justifica o começo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

não me vais sair da cabeça


CHINÊS, que não paravas de comprar tshirts para depois apareceres à frente da tua mulher feliz e contente, enquanto ela estava mais preocupada em conseguir alterar a hora do voo que estavam a cinco minutos de perder. E não percebi nada, zero, do que dizias, mas ria-me e tu rias de volta. Universal.

POLACO, que estavas em modo couchsurfing em casa de não-sei-quem e que nos perguntaste se aquilo que estávamos a fazer tinha que ser feito de cinco em cinco minutos. E ao ritmo de um banho de chuva, mostraste-nos que era possível estar ali, sozinho, a conhecer o mais puro da tradição de uma cidade.

ESPANHOL, que nos ensinaste que em Sevilha os s's caem e que aquele sítio, do teu amigo, era o melhor para tapear nessa noite sem frio. E depois de nos apresentares a todos os teus amigos, desapareceste sem deixar rasto. Ficaram eles e ficámos muito bem.

FRANCÊS, que nos pediste para nos tirar uma fotografia naquele sítio, naquele sítio?! Tinha boa luz, o que é que fizeste para ficar assim? Seguias para Nova York a seguir, eras fotógrafo. Ficou por dizer que daqui a pouco tempo voamos as três para Paris e que precisamos de sítio para ficar a dormir. Ahh you know, flash, no flash!

INGLÊS, que estavas em modo car ridding pela Europa e querias boleia. Destino: Faro ou Porto, só porque são parecidos. Quantos eram? Dois. Quantos lugares tínhamos? Dois.

PORTUGUESAS. Com quem desenvolvo as doses perfeitas de uma receita que já dura há uns bons anos. As conversas de 2h30 no café, as roupas que já não se sabia de quem eram, as Axx's de cada uma. As celebrações da Páscoa todas, todas, as horas perdidas, o sentido de orientação mais e menos (muito menos) afinado, as mil e duas cedências de todas. As horas dentro do NQ. Ser acordada por elas, em dormitórios, em hostels, mas eram elas. E por isso, acordava-se de cara contente e bem lavada.

Cheguei com as 500 mil histórias que queria dentro do bolso e com a certeza de que voltarei a Sevilha. 
Si, volveremos!