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sexta-feira, 26 de julho de 2013

e quem se lembra..

.. dos Ear Lobes, aquele post que já lá vai faz tempo? 
Eu. E ainda me lembro de ter pensado que eles haviam 
de entrar em Portugal com o pé direito.

Quando menos esperasse.


E foi hoje.

Foi hoje que os encontrei à minha espera na Parfois
cheios de brilho e distinção, 
tal e qual como os tinha imaginado. 

Em modo low cost e.. já com poucos exemplares!

terça-feira, 16 de julho de 2013

DEGRAU #6

era preciso dar tempo ao tempo. um tempo sem tempo. ali sentado, terceiro degrau da rua da Vitória, olhava para o miúdo que já ia longe. continuavam os passos de dança e o orgulho naquele saco "pesado". sim, pensava, cada um levava o peso que podia, porque assim convinha. era esse o peso dele, de poucos centímetros de altura, um saco de rolos de papel para o mês inteiro. e era esse o seu peso, um dia de trabalho que parecia contar 53 horas e muitas. e era esse peso, adaptado a cada um, que parecia trazer a novidade do aprender a resolver mais do que a complicar. sim, a unidade de vida poderia começar pelo simples: acordar com a disposição de fim-de-semana, mesmo durante a semana. e pensava nisto ali sentado, terceiro degrau da rua da Vitória: um dia, um dia, teria a sua vitória.

as ruas de lisboa falam-me de ti



























às vezes calam-se. 
outras vezes gritam.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

AMOR DE VERÃO

Conheci-te há poucos dias e já não durmo o mesmo número de horas que antes. Levaste contigo a minha vontade de dormir, comer e correr, e sei agora que foi por ti que esperei todas estas horas, estes dias, estes anos. 

Somos feitos um para o outro, apesar das diferentes étnias: tu verde, eu branca. 
Somos feitos um para o outro, apesar das diferentes origens: tu italiano, eu portuguesa. 

E agora a pergunta, essa que tenho andado para te fazer desde que te vi pela primeira vez:  
" Meu querido Gelado de Pistachio, podemos não-nos-largar durante este Verão de 2014? "

HÁ 1440 HORAS ATRÁS

Estamos em tempo de re-organização. 
Dar uma ordem à desordem. 
Trocar as roupas de Inverno pelas de Verão, visitando um armário que parece sempre tamanho S.  
Trocar as sopas quentes por saladas frias e iogurtes naturais. 
Acabar os livros que estão a 10, 20 ou 200 páginas do fim. Dar o que não se usa, porque muito boa gente pode precisar mais do que o ilustre atual dono. 
Preparar a despedida de solteira de uma solteira que de solteira já tem pouco. Muito pouco. Lavar o carro.  Trocar carro por mota. Vender o carro. E o trabalho de o ter lavado?

Há uns dias atrás, lia que vivemos numa desordem e que essa nos influencia sobremaneira. São as ruas, é a confusão do trânsito que leva a atrasos, são os humores, é o coitado do estado do tempo. Espero que, ao ordenar as coisas ali de cima, estas aqui de baixo ganhem nova estrutura.

E agora, passadas 1.440 horas desde que escrevi isto na moleskine, tudo mudou a 300km. A ordem, essa chegou de fininho, sem estar necessariamente ligada a um armário mais arrumado (que está!), a mais saladas frias ou a um carro lavado. Nunca percebi como é que as ciganas da sina acham que o negócio tem sucesso - para além do triste que tudo aquilo é, está condenado ao fracasso porque o modelo onde sustentam o negócio é o da ausência de um natural suspense perante a vida, uma ausência de liberdade para fazermos das próximas 1.440 horas aquilo que quisermos, na mais plena liberdade de quem se sabe criado para coisas maiores.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

MANAS

3 saris - dois para alternar dia-sim, dia-não e um para dias de festa - feitos à mão por doentes de lepra. Um balde para os lavar diariamente. Uma barra de sabão azul. Quilos de alegria. Vozes de anjo. 

Com esta reduzida lista de ingredientes, sobre-vivem as manas. Sem protagonismos, sem falsas modéstias, sem barreiras, são assim as M.C., Missionárias da Caridade.

Tive a oportunidade de estar com elas na Índia em 2009 e 2010, quatro meses que mudaram tudo: uma até então desconhecida necessidade de silêncio para ouvir Alguém maior, uma vontade de reduzir drasticamente o número de peças de roupa no armário e a descoberta de um amor aos outros, quando esses outros estão em condições tais que não sabem constituir alguém

Uma mudança na corrente sanguínea, bem cá dentro: vinha mais apegada que nunca às relações, e mais desapegada que nunca das pessoas. Porque as ouvia a dizer, sem dramas, que uma Missionária da Caridade envia uma carta por mês para casa e que só se volta a encontrar com a família ao fim de 10 anos, 120 cartas depois. Vinha centrada no que realmente faz correr sem cansar.

Uma mudança também do lado de fora: quando voltei, em pleno Verão, não conseguia andar com roupa que mostrasse mais do que tornozelos, pescoço, cara e braços. Vinha radiante, desprendida de telemóveis, i-pods, banhos de água quente, maquilhagem, chocolates. Coisas. Andava descalça por tudo o que era canto - casa, rua, carro - o trânsito infernal, mas extremamente organizado da A5, causava-me dores de cabeça e a ausência de estrelas no céu lembrava-me as saudades do campo indiano, das luzes naturais, do silêncio dos anjos.

E foram tempos de relativizar tudo o que até então era mais-que-certo. De perceber que não há maior alegria do que dar tudo o que temos e que muito mais recebemos. De dar muitos sim's, um maior que todos os outros, depois de ter aprendido com a sua entrega de amor e contemplação, no meio das ruas confusas, sujas e barulhentas de Calcutá.

E hoje, só hoje, é um desses dias em que chegam, lá de longe, do Oriente, as saudades destas mulheres e daqueles abraços, o ar potável daquele fim de mundo que não trocava por nada. Saudades destas mulheres que são, acima de tudo, M.C., Mães da Caridade.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CETERIS PARIBUS

Se tudo o resto constante, é por aqui que quero ir. 

É altura de pôr mãos à obra e começar. Devagar, que as decisões deste calibre implicam sempre muito jogo de cintura: próprio e de terceiros, quartos e quintos. 

Andava-me a faltar a segurança de um outro passo, uma diferente estação, um novo coração. A mudança, quando desconhecida, implica mais do que contar até 10 e respirar fundo. Conta-se até 100 e não se respira.

As pessoas devem ter suficiente confiança em si mesmas para poderem ter aventuras; e suficientes dúvidas sobre si mesmas para conseguirem divertir-se com elas.

Venham os novos projetos, venha o arriscar aquilo que é e será a possibilidade de ver acontecer um sonho de há muitos anos. 

Se tudo o resto constante, é por aqui que quero ir.