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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

LIFE LESSON #1


Esse desenho* acaba quando tu quiseres que acabe: 
Ao primeiro traço ou ao décimo quinto. 
Basta quereres, e passa a ser o último.


* essa história, essa ideia, esse projeto, o que for

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

começa hoje

A tentativa de não gastar um cêntimo por dia, a não ser que faça todo o sentido e que esteja previamente contemplado no lindo excel que se dá pelo nome de Orçamento. Avizinham-se tempos de poupança. Para um bem maior.

SALERO

Foi um fim-de-semana diferente dos habituais. Foi chegar ás 8h30 ao trabalho, perder a noção do tempo, dos horários para meter alguma coisa no estomâgo, do espaço à minha volta e do avançar das horas, tocarem as 18h30, saltar da cadeira, agarrar na mala de viagem e ir ter com eles. Tudo dentro do carro e em 4h50 entrávamos em Madrid, una hermosa ciudad que me encanta.

O carro ia cheio, em modo secção enlatados do PD, qual sardinhas expremidas as três, lá atrás. Ele ia a guiar com um bom co-piloto e nós participávamos em jeito de banda sonora, cada uma com a primeira, segunda e terceiras vozes do que passasse na Comercial VodafoneFM. 

O frio? Mais que muito, justificando atravessar meia cidade com ele à procura de um casaco quente para mim - e de nada ter encontrado, a não ser uma boa desculpa para estarmos a dois.


Andar por aquelas ruas, entrar nas várias Igrejas, parar no Retiro para desenhar o que fosse, o que fosse, porque o importante era deixar registado esse dia sem o apoio constante da Canon-investimento-para-uma-longa-vida.
 
No sábado, enquanto passeava pela rua que tem as lojas mais giras, giras, giras e menos estupidamente caras, encontrei uma que me roubou o coração – a Trucco – e que me apresentou um novo amor, uns botins rasos que me facilitaram muitíssimo o look de suspensórios, luvas encarnado-vermelhão e óculos lentlesses.

E não custou voltar (pouco..) porque as pilhas estavam carregadas até cima, e eu tinha saudades de muito boa gente e deste espaço aqui.

Também ajudou o facto de, a cada dia que passa, gostar mais e mais desta nossa cidade :)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

é como se







































esta fosse a mesma história, o mesmo cenário. 
O mesmo tipo de pessoas. 
As mesmas cores.
Os mesmos 17,79% de loucura que todos (?) temos.
A mesma forma de ver. E de tentar perceber o que se avizinha.
As mesmas conclusões. 
As mesmas vontades de sair à francesa, vou só ali num saltinho, são 3 minutos.

Mas desta vez, alguma coisa mudou

Porque desta vez, sou eu que estou do outro lado.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

faltam 6 horas.

DEGRAU #1


Acho que é cada vez menos.
Menos km’s aos 100, menos consumo, jantes TDI, cromados não-sei-de-quê.
Menos de mim e mais dali.
E quando chega aquele segundo imediatamente antes, vejo que não. Que é cada vez mais.
Porque voltam os tempos de espera de 5 que parecem 50, as vontades, as caras, volta tudo.

Não é cada vez menos. É igual, de uma forma diferente.
Não é cada vez menos. É mais, e é ainda melhor.

SHENG NU


Têm mais de 27 anos. São mulheres. Estão solteiras.
Podem trabalhar numa multinacional de sucesso.
Podem ter um número inacreditável de amigos.
Podem ser mentes brilhantes.
Podem ser de filme, a todos os níveis.

Mas não interessa, nada disto interessa.
Se têm mais de 27 anos, são mulheres e estão solteiras, ficam catalogadas pelo povo como Sheng Nu, leftover woman.

Tudo começou em 2007, em que o termo correu de boca em boca. O mesmo ano em que o Governo veio lembrar que o número de abortos verificados, pela política do filho único, estava a prejudicar a população, enviesando-a: cada vez se viam mais crianças do sexo masculino e miúdas, nada. Os números? Existem atualmente, mais 20 Milhões de homens abaixo dos 30 do que mulheres abaixo dos 30 anos. Os resultados? Uma em cada cinco mulheres, entre os 25-29 anos não é casada. Uma em cada cinco mulheres, é considerada um leftover da sociedade. A pressão, a cada ano que passa, é abismal - há uma vontade crescente de encontrar a cara metade. Até o apregoado site feminista do Governo, All-China Women’s Federation, publicou artigos sobre as leftover woman, até ter recebido suficientes queixas por parte das mulheres e ter retirado os artigos.

Os casamentos na China são considerados marry down, ou seja, os homens de qualidade A, casam com mulheres de qualidade B, os homens de qualidade B casam com mulheres de qualidade C e continuando, até à qualidade D. Assim, os solteiros na China, a grande maioria, são mulheres de qualidade A e homens de qualidade D. O problema (um dos) surge quando o Governo procura a todo o gás que as gerações futuras advenham dessas mesmas mulheres de qualidade A – educadas, com nível escolar superior, top minds que poderão mudar a China no Mundo, caso lhes seja dada a oportunidade.

Próximo passo? Matchmaking events! São a última grande atração do Governo, onde se misturam qualidades que possam dar um grande cocktail nacional. Como são feitos os convites? Quem escolhe as "qualidades"? Tenho medo de investigar..

E no final, é como se uma mulher pudesse perder valor, com o passar dos anos. Como se ter mais idade fosse sinónimo de desgaste de qualidade, ao invés de maturidade.
E no final, é só triste.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

FATOR C

Mais de 2/3 das empresas italianas diz contratar colaboradores com base em Proximidades afetivas.

Recomendações pessoais, no meu dicionário, não começa por C. Mérito, no meu dicionário, não começa por C. Esforço pessoal, suar as estopinhas, dar o litro, também não começam por C.

O fator C, de Cunha, sempre me tirou do sério. Já tive possibilidade de a ele recorrer, mas nunca me pareceu honesto. Porque sempre me pareceu que o mérito pessoal tem que valer mais. O esforço diário durante os tempos de faculdade e, mais tarde, de constante aprendizagem, têm que valer mais. E em Portugal, à semelhança de Itália, parece-me que a opção C é muitas vezes aquela à qual grande parte das empresas recorre e que explica aí uns 77,3% desta crise. It pays to be patient deixa de se aplicar e o importante são as connects. Uma coisa é dar o toque, olha, conheço uma pessoa que talvez valesse a pena entrevistar para o lugar, sem compromisso. Outra coisa é tens que contratar este porque é primo do tio do amigo do Diretor.




















Hoje, a meio de Fevereiro, depois de olhar com olhos de ver para a evolução atual e expectável do desemprego em Portugal, perco a fome. O desemprego jovem, segundo o Eurostat, está a 38,3% a Dezembro 2012. O desemprego global em Portugal, de acordo com o IMF 6th Review, está a 15,5% a Dezembro 2012, projetando-se 16,4% para 2013, 15,9% para 2014 e, show de bola, 14,3% em 2017.

Emigrar, para já, não é hipótese. 
Mas hoje, a meio do mês de Fevereiro, foi o primeiro dia em que comecei à procura de aulas de alemão em Portugal, com perspetivas futuras. Nunca se sabe. Sou patriota, mas não a ponto de ser invisual, e não quero acordar um dia e perceber que fui tarde de mais porque o despertador já não tem que tocar ás 6h20 em ponto.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

how i met the lumineers

Pela minha queridíssima T, pela VodafoneFM onde se 
ouve hoje o que será moda amanhã, pelas ruas da 
cidade. Ho Hey, a mais conhecida deles. 

Há uns dias apareceu-me um Stubborn Love à frente, 
assim, sem pestanejar. Foi sugerido pelo tio YouTube 
e ele já me conhece, costuma acertar. 

E eu, rendi-me e estou em modo repeat até 
não-poder-mais-com-eles. Ora vejamos.


psicologia feminina #3

Ver o equilíbrio que tanto se apregoa na economia, puro e duro, a acontecer todos os dias em pleno trânsito. Como numa verdadeira teoria de jogos, há uma faixa que começa a dar o ar da sua graça e a andar mais do que as outras duas. O condutor olha, não pensa, e pisca o olho para a direita, não vá aquele ganho de ritmo ser perdido. Não pensa, porque acha que foi o único a descobrir a pólvora. Todos os outros o fazem e mais tarde ou mais cedo a faixa que estava em altas começa a parar até ficar igual ás restantes, qual equilíbrio perfeito.

E são ganhos de minutos que, a maior parte das vezes, sabem a pato. Nem que seja pelos poucos minutos em que voamos mais que os carros parados nas outras faixas e lhes dizemos um gigante e sonoro Xau Laura!, sabendo que daí a poucos minutos será a vez deles o fazerem - ao nosso.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

RATATUI


Há dias de correria, altas velocidades. Inquietação a todos os níveis, a começar no interior. E depois há outros dias, de calmaria, de capacidade para olhar de longe. De fora. De ser menos cascas e mais cebola.

Em 7 dias que tem uma semana, 5/7 é do primeiro tipo e os restantes 2/7 pertencem ao segundo.

Começa mais uma semana, venha ela!

Venha o frio gelado, próprio de Inverno, que acalma os ânimos e ajuda a focar naquilo para o qual fomos pensados, há muitos anos atrás. Saem 4/7 de dias de calmaria para a mesa 9.

A todos, continuação.*

* Como se diz pelas ruas da segunda capital de Portugal, expressão adotada pelo senhor africano da Repsol de Benfica.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

BUCKET LIST


1. Danças de salão
2. Aprender italiano
3. Ir ao Chile
4. Ordenhar A vaca
5. Saltar de um avião
6. Nadar no mar morto

Arranjar tempo nos próximos anos para fazer estas 6 coisas comigo.
_________________________________________________________________

(Recebi a resposta pouco tempo depois):

1. Danças de salão – Podemos fazer nos casamentos.
2. Aprender italiano  Seems fine and easy.
3. Ir ao Chile  Even better!
4. Ordenhar A vaca – Já fiz mas posso repetir.
5. Saltar de um avião  Temos que falar....
6. Nadar no mar morto  Quando fores à Terra Santa agradecer o namorado que tens.

Onde é que eu te fui desencantar..?

existencial

Segunda-feira está a cinco dias de sexta-feira.
Sexta-feira está a dois dias de segunda-feira.

E nós estamos a poucas horas do fim-de-semana!

Mas já falamos sobre isto.

PONTO REBUÇADO

É tentador? É muito tentador. Pensar que o crescimento se resume ao desenvolvimento físico e estrutural – dos ossos, da pele e dos seus primos pneus. Mas não te podes esquecer que todo o autoconhecimento pressupõe um trabalho árduo, que nunca acaba, porque nunca vai chegar o dia em que dizes “já está, acabaste de te conhecer, não há mais nada”. Mesmo que os teus níveis de autoconhecimento já sejam elevadíssimos. O ser humano tem algo de mistério, que o impede de se poder apreender como objeto cognoscível. Há sempre algo dele que lhe escapa, que está para além da sua própria inteligência. Quando olhares para ti próprio, tens de te deixar levar por pressentimentos, por suposições. E assim, irás intuir a direção para onde se orienta a meta, mesmo que desconheças, na maior parte das vezes, a realidade da própria meta.

Sim, esse conhecimento que te esforças por agarrar, para chegar ás respostas que mais tarde saberás se foram ou não as que davam direito ao prémio, é um conhecimento progressivo. Não será sempre assim, porque não te desconheces por inteiro e se te esforçares por encontrá-lo, vais conseguir. E acabarás por encontrar nele um núcleo de referências internas com as quais te identificas. Mas continuarás sempre a ter aquelas boas velhas conhecidas: as imprecisões e as dúvidas, que só com o passar do tempo e com as experiências já vividas, serás capaz de converter em amigas.

Adaptado de M.A.G. García, em ‘Intimidade - Conhecer e Amar a Nossa Riqueza Interior’. 
A minha queridíssima aquisição literária. 

É mesmo isto. Ganhei o dia por saber que as certezas que andamos à procura pelas ruas da Baixa só chegarão aos 97 anos. Com os calos ganhos durante esses passeios.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

quando começa assim

- Bom dia a todos, não me quero alongar.

Tem tudo para correr bem, 2,5 horas mínimo. Conta a intenção. E o jogo de ilusão.

Querido P,


Ontem jantaste cá, ficaste sentado ao meu lado. Mas antes disso.. Correste para me abraçar quando cheguei e deste-me um beijo na cara, daqueles que valem por tudo. Contaste pelos dedos das mãos as saudades que tinhas. E eu tuas. Já não nos viamos há 4 meses, não era? E olhei para ti, já sentado ao meu lado. Reparei o quanto estavas diferente, desde a última vez. Mais cabelo, mais novas palavras, mais histórias do Sul. 

E explicaste porque é que nunca faríamos uma guerra de almofadas: porque eras campeão ibérico de judo e não me querias deitar por terra. Olhei para ti, outra vez, seu trinca-espinhas! e desataste a rir, como quem sabe que o é mas quer dar ares do contrário.

E depois pediste, imploraste, para não comer as tiras que tinhas no prato, e que um dia descobrirás que são cebolas. Comerias tudo o resto sem pestanejar, mas as tiras não. Podia ser? Disse que sim. E olhei para os teus 90 cm. Meu orgulho de 90 cm - ver crescer cada um desses cm's, era o que eu gostava.

Dizem que melhor do que filhos nossos, são os dos outros. 
Neste caso só concordo porque "estes" outros são uma parte de mim. 
A boa parte de mim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

20 QUILÓMETROS

Há decisões que ganham confirmação a longo prazo. Há outras que vão tomando forma com o passar do tempo, devagar devagarinho. Há poucos meses, apareceu uma dessas decisões, e tu, de venda nos olhos e sem adivinhar o futuro, arriscaste. Desde cedo, a curtíssimo prazo, a tua opção revelou-se um erro redondo. Foi das piores que tomaste, e foi das que mais tempo te levaram a decidir.

E é por isso que hoje, só hoje, desconfias que a pressa não é tão má conselheira como a pintam e que o impulso tem muito que se lhe diga. Porque havia um sexto sentido, uma qualquer coisa que te arrastava para o lado contrário, para o outro caminho. Menos encarnado e mais do mundo. Não ouviste, não quiseste ouvir. 

E agora, ás 3h33 da manhã, cais em ti.

XVI

Foi chegar ao trabalho e receber a notícia pela comunicação social. E não acreditar, rir até, com o disparate que se têm tornado tantas reportagens com tiragens de milhares. Mas esta? Esta fonte costuma ser boa, firme. Não vacila. Pode ter sido engano?.. Foi pôr mil e uma hipóteses e de repente já estava no outro site e no outro e na televisão. 

E querer avisar toda a gente não fosse existir a possibilidade de chegar a uma massa tal, que o barulho me acordasse de um sono profundo.

Foi ver que nada está nas minhas mãos e que me resta fazer aquilo que ele sai para fazer. E voltar ao trabalho com o duplo balde de água fria: daquele pai estar doente e de já não estar capaz de levar a família em frente, como se espera que o faça. Como ele espera, como nós esperamos, porque é e somos incrivelmente exigentes. Porque não é o "nós" que está em jogo, aqui. 

Foi agradecer estes 8 anos, Te Deum, e querer mais 8, mais 18 até. E passear pelo paredão com um sentimento de vazio, de desorientação. Onde estará, neste momento, aquele que eu visitei em Roma e que me visitou em Portugal? Fisicamente, onde estás? Onde estás?

Foi ter que fazer as compras da casa e andar por aqueles corredores meio perdida. Com saudades tuas, já. E sei que ainda temos 17 dias, que vão valer por 77. Mas vão ser salgados porque, ao serem acompanhados de uma contagem decrescente, trazem, inevitavelmente, um fim.

E lembras-te quando te visitei com a TM, as duas de mochilão ás costas, a dormir num qualquer canto de aeroporto, 200% proibido? Lembras-te quando te vimos na audiência de quarta-feira em Roma e ficámos roucas de tanto gritar que nos fazias correr sem nos cansar? E lembras-te do temporal e da aventura que vivemos juntos em Madrid? E da serenata que te fizémos ás tantas da manhã em Portugal, e de nos teres mandado ir dormir enquanto sorrias e pensavas que farias o mesmo por cada um de nós? E lembras-te de abençoar o casamento da V e H, M e B, J e T, de rezares por eles e pelas vidas que agora começavam a dois? 

Lembras-te? Eu lembro. E recomeçava tudo outra vez. Com a liberdade plena e exemplar com que renuncias, hoje, ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.

é de cor

Secalhar sou a única que me tento convencer de que chocolate preto é a coisa mais saudável que por aí mexe. Que não traz nada daquilo-que-eu-sei-que-traz, e que ajuda à inteligência, à concentração e ao bom humor logo pela alvorada.

A moda pegou aqui no escritório. Eles é durante o café da manhã, eles é depois do almoço para o boost da tarde, eles é quando calha. Só. Porque. Sim.

E hoje calhou a meio da manhã:
M: Vai um quadro de chocolate negro?
W: Vão dois, até! Mas negro? Na minha terra isto é chocolate preto.
M: Chocolate de cor, então.

E ficámos os dois contentes, cada um com a sua dose saudável de chocolate de cor.
Mais uma das 457 mil modas que por aqui pegam, todos os dias.

VALENTINE'S


É um dia óbvio, porque é óbvio que vai haver um jantar, é óbvio que vais ouvir umas coisas mais-ou-menos românticas, é óbvio que à tua volta estão outros pares de dois e é óbvio que vais esperar horas para te sentares, a não ser que escolhas McDonalds.

Vamos ao cinema na quinta-feira com amigos. Alguns com cara-metade e outros à procura dela. É dia 14. É o famoso dia de S. Valentim, caras apaixonadas, todo um Mundo que se volta para os pombinhos. Se eu já acho que, nos dias de hoje, a grande maioria dos casalinhos se fecham um no outro sem hipótese de alargar o T2, esta é a altura do ano, por excelência, em que os dois o podem fazer, sem risco de ouvir bocas foleiras.


E por isso nós somos módernos, e vamos em família alargada. 
Mais tarde, quando for zero óbvio, teremos o jantar a dois.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ALZHEIMER

Fechava os olhos na esperança de se lembrar de todos os traços, de cada uma das marcas. Na esperança de reavivar memórias boas: aquela maneira de rir, de estruturar as palavras e até uma particular forma de refilar. Era um mistério incansável este, de não se poder gravar a ferros aquilo que marca. Abrir os olhos e o dia-a-dia corria, mais ou menos rápido. Hoje tinha acordado sem se conseguir lembrar da forma de olhar. Mas tinha voltado a textura da pele. E isso já era Muito bom. Um luxo até, nos tempos que correm.

CASUAL FRIDAY 08.02

Todos precisamos de uma noite como a de hoje.

De um banho de gente, de choques culturais a cada virar da esquina, de comida asiática, chinesa e portuguesa.

De sair da comfort zone e passear por zonas onde, sem companhia, não me atreveria.

Mercado de Fusão do Martim Moniz.

Vem da cabeça de um homem, com um sonho.

Pensou em misturada social. Pensou em juntar num único sítio nove quiosques. Onde se pode ir com amigos sem as condicionantes típicas do "sushi não é definitivamente a minha praia" e "comida com esse nome impronunciável, nem penses".

Passear pelos quiosques como A Preta (cheirinho africano), Wasabi (sushi lovers), Erva (vegetarianos) ou o Xico Esperto (onde vou acabar de certeza a dar um ar de graça junto de uma bifana porque a gastronomia tuga é peixeira e grita sempre mais alto).

Música ao vivo, que este mês temos senhores da M80 a animar a noite.

See you there!

psicologia feminina #2

A gala dos Grammys vem perdendo nível à medida que os anos passam. As criações escolhidas pelas várias celebridades deixam a desejar, porque cansam. É isso mesmo, cansam. Um vestido feito de bifes, cansa. Um vestido em que se adivinha tu-do o que está por baixo, cansa. A extravagância, quando feita para chocar e provocar mais do que para embelezar, cansa.

Mas este ano será diferente! A cadeia televisiva CBS que vai transmitir a gala marcada para o próximo domingo, enviou um email às estrelas que vão participar, com sugestões e proibições de vestuário. Chegaram mesmo a dar ao email um toque não-amador, ao colocar no subject "55º Grammys: Standard and Practice Wardrobe Advisory" e ao referir, para início de conversa, "a obscenidade total ou parcial no vestuário é inaceitável para a emissão".

"Por favor, certifique-se de que as nádegas, seios femininos e glúteos, estão adequadamente cobertos. Os trajes estilo tanga são problemáticos. Por favor, evite roupas com transparências que possam expor as partes do corpo feminino acima referidas". E continuam, com mais detalhes do que convém escrever por aqui. Way to go CBS!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

IT TAKES 2 TO TANGO

E apenas um para pisar o pé do outro.

Um dos lados


Filha do primeiro road manager dos Pink Floyd. Melhor amiga de Nicole Kidman desde que, em 1987, se conheceram numa audição para um anúncio de bikinis. Marca de graça: os dois dentes da frente. Vegetariana. Aceitou o papel para 21 Gramas sem sequer ler o guião. Nomeada para um Óscar este ano, pela sua interpretação em The Impossible.

O OUTRO LADO..

Naomi Watts. 44 anos.
Mãe de dois miúdos, Samuel 5 e Alexander 6. 
Lava a roupa e cozinha todos os dias. 
Diz que nada é mais desgastante do que ser mãe, mas que não há recompensa equiparável.


Sente-se menos mulher por ter estas tarefas? Não me parece. É opção. E é por estas razões que eu não consigo perceber porque é que se gosta tanto de puxar um tema chamado a-redução-do-papel-da-mulher-em-certas-instituições-sociais-face-ao-papel-do-homem. Não consigo perceber. Porque aqui, less is clearly more.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MORRER NA PRAIA

"Estarei ausente do escritório entre hoje (espertinho) e dd.mm.yy (%&/#$"!), com acesso limitado aos meus emails. Para qualquer assunto urgente, contactar a minha assistente para o número abaixo indicado."

Sempre foi e sempre será um bonito facadão na espinha dorsal, quando se recebe um out of the office memo de terceiros.

ó tio, ó tio


"Gostava de dizer também que não recebo lições de sensibilidade. O que tinha a aprender, aprendi em casa com a minha Família, na Escola e na Igreja Católica. Não tenho de pedir desculpas a ninguém, não teria nenhuma dificuldade em o fazer."

E chega alguém que mete Ana Drago no chinelo, quando vem exigir mais do que aquilo que a própria não faz. Alguém formado com a mesmíssima base educacional que eu. Alguém que é cara chapada do meu pai e da minha avó. Alguém de quem me orgulho de dizer que apoio, incondicionalmente, nesta matéria e em muitas que estão para vir.

"Não lhe reconheço a si nem a ninguém o monopólio da sensibilidade social ou da propriedade da verdade. Isso revela da sua parte um espírito da Inquisição em que as pessoas eram condenadas por crime de opinião. E portanto eu vou continuar a usufruir da liberdade de que beneficio e a sra. Deputada também".

"Aquilo que tenho ou não tenho, foi feito com a vida numa empresa privada. Tenho os meus impostos em ordem e se um dia alguém me quiser julgar desse ponto de vista, mais importante do que ver aquilo que eu ganho é ver como gasto". E concluiu em jeito de contra-ataque: "mas digo lhe que não recebo lições desse ponto de vista. E não sei porque se emociona tanto com a minha remuneração e não com a de um treinador do Benfica que ganha não sei quantas vezes mais do que eu? Se calhar porque isso afectaria os seus votos. Mas eu, como não sou de nenhum partido, sou um alvo fácil".

"Com as suas declarações, aquilo para que a sra. Deputada está a contribuir é para uma sociedade mais egoísta. É que ao contrário da sra. Deputada, eu consigo criar postos de trabalho e a senhora não".

Autch.

Afonso, 5


A: Mãe, tem muitos amigos não tem? (ar de quem acabou de ver o dragon ball, olhos com extra brilho)
M: Sim querido, tenho alguns (a modos que confusa com a pergunta). Porquê?
A: Porque eu estava aqui a pensar que a mãe podia apresentar um à tia Ana..
M: Então mas porquê?
A: Para ela casar! (ar de quem decobriu que o amigo songoku até é real!). Podia ser o tio P, o tio G, o tio..
M: Afonso, mas a tia tem namorado e você vai conhecê-lo hoje!
A: Ah... (ar desanimado de quem-contempla-o-frasco-de-nutela-vazio)

psicologia feminina #1

Acontece tantas vezes, quase tantas como as que saio no smart. Estando a aproximar-me de um semáforo, e não tendo a sorte de ser a xica que está na linha da frente, sou obrigada a fazer uma escolha: não é fácil saber atrás de que carro me devo posicionar para arrancar a abrir assim que o verde tímido decida sair à rua.

A lista de prioridades é normalmente esta:

- Se há um smart, é sempre atrás do smart. A solidariedade é bonita e eles precisam de acreditar que nós sabemos que eles conseguem dar uns belíssimos 150 no arranque;
- Depois do smart, se há um táxi, é sempre sempre atrás deste. Reis da estrada, wanna be's.
- Por último, depende. Depende é bom porque ajuda a não ter que dizer rigorosamente nada: depende da cilindrada, de ser homem ou mulher a guiar, da música mais ou menos alta. Depende.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ele há coisas

Medo de não estar à altura desta vida.
Medo de não ser o que ele, elas, eles, Ele esperam de mim.
Medo de pensar de mais e dormir de menos.
Medo de correr e não saber parar. Medo desse parar.
Medo de ter 63 anos e perceber que aquilo me passou ao lado. Já vais tarde.


Medo de me esquecer das coisas. TO DO's, datas e encontros.
Medo da Internet. Medo do facebook. Medo do que destapo aqui.
Medo de ganhar o síndrome-estatuto-conforme-a-idade e achar que esta idade implica, claramente, isto ou aquilo.
Medo de um dia olhar e não ver ninguém. Onde foram toda-a-gente?
Medo da casa vazia. Medo de não arranjar emprego. Medo da utopia.
Medo de ser mais garganta que outra coisa. Medo de dizer adeus ao que considero garantido.

Medo de viver do feeling de medo.

Note to self: Com tanto medo, faz um favorzinho a ti própria e compra um cão. 
Diz que estão a preço de saldo no canil municipal de Lisboa.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

e é já hoje


que voltas ás corridas durante a hora de almoço. 
Daqui a 21 minutos vais sair da porta, carregar no botão do elevador e descer.
Viras à direita e entras no balneário.
Mudas para sportive mood e sais para a rua, que está de sol.
Corres meia hora, com a sensação de seres perseguida e temeres pela vida e voltas para um banho + sopa.

Não te queixas.
Repetes a brincadeira na quarta e depois na sexta.
E páras de comer bolachas-maria como se não houvesse amanhã.

Senhor Ludwig Krippahl

Que confusão vai nessa cabeça.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ESPERANÇA DA SÉ



Foi este o sítio escolhido por ele, há um mês atrás, para jantar com ela pela primeira vez. O restaurante estava marcado para as dez de uma sexta-feira, para dar tempo de voltarem dos respetivos trabalhos, ela mudar de roupa (era contra a sua religião ir sair vestida com a mesma roupa com que tinha estado a trabalhar o dia todo), ele apanhá-la em casa e chegarem no ponto. Horas certas não era o forte dela, era o dele. “Queres-me pronta às nove e meia alemãs ou irlandesas?”. “Inglesas”.

  
Esperança da Sé. Segue em frente, vira ali naquela rua estreita, sobe umas escadas e vai vê-lo logo à sua direita. Subiram a calçada portuguesa no meio do frio e chegaram à porta. O restaurante dispensa apresentações por ser réplica de um já muito conhecido italiano, o Esperança do Bairro Alto. Luzes baixas, candeeiros a puxar para anos retro, grupos de amigos a festejar, mesas pequenas e um grande ambiente - sóbrio e discreto como se quer. A mesa deles ficava colada a uma janela com vista direta para a confusão das ruas do pitoresco bairro da Sé.


A experiência foi imperdível e a vontade de voltar ainda maior. Ás 4 ela entrava em casa, com a certeza de que o próximo mês seria único. E foi.