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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

cafés suspensos

entraram num pequeno café na Bélgica e fizeram o seu pedido. quando se iam a sentar, entraram duas senhoras e dirigiram-se ao balcão:

- "cinco cafés, por favor. dois deles para nós e três suspensos."


pagaram a sua conta, pegaram em dois cafés e saíram. ela, que por ser mulher tinha um nível superior de curiosidade, perguntou-lhe:

- "o que são esses cafés suspensos?"
- "espera, já vais ver."

continuaram a entrar pessoas. duas miúdas pediram um café cada, pagaram e foram embora. a seguir, foram pedidos sete cafés por três advogados - três para eles e quatro "suspensos". 

ela, cada vez mais curiosa, tentava magicar o que seria aquilo dos cafés "suspensos". de repente, um homem vestido com roupas gastas, um querido mendigo, aproximou-se da porta de entrada e perguntou, de sorriso rasgado, ao empregado do balcão:

- "você tem um café suspenso?"


e ela percebeu: as pessoas pagavam com antecedência um café que serviria para quem não podia pagar uma bebida quente. 

uma tradição que começou em Nápoles, mas que se espalhou por todo o mundo: em alguns lugares é possível encomendar não só cafés "suspensos" mas também um pão ou uma refeição inteira. sweet.

eu não sei porque é que 20 mil

pessoas vieram aqui no último ano.

mas sei porque é que eu vim: tive 20 mil razões.

E se está aqui pela primeira vez, entre que aí fora está muito frio. puxe uma cadeira e sente-se confortável. aí no canto tem mantas, chá de cidreira e pão de deus da padaria portuguesa. deixe-se ficar o tempo que quiser e fale-me de si. 

Muito obrigada pelas 20 mil visitas!

era uma vez


o primeiro dia de férias, daquelas que aparecem sem avisar e que por isso sabem a pato. tenho a mania de criar dias especiais dentro da minha cabeça, dias que têm por força que ser diferentes dos outros 364 dias do ano. E tu, Natal, não ajudas em nada à minha causa. Desde cedo via a minha mãe a dar um presente de Natal ou de anos a si própria e o conceito pegou: comecei a dar-me presentes por boas notas, por fecho de projetos. por tudo e também por nada. naturalmente, com o crescimento e o passar dos anos, chegou a senhora desimportância-própria, tornando estes momentos verdadeiras raridades (?).

mas hoje de manhã foi diferente. faltavam 4 minutos para o autocarro chegar e um papel com letras desenhadas cantava por mim: "SUMO DE LARANJA E PÃO COM QUEIJO" a 2€. Não gosto de tomar o pequeno almoço fora de casa porque me parece um luxo parvo e 2€ pagam uma iHOLA, duas sopas ou uma caixa dos chocolates preferidos dele. Não me assiste.

mas hoje, como estou a viver estes primeiro dia de férias como se de um Natal antecipado se tratasse, pareceu-me o presente perfeito para me dar. corri, pedi, paguei e devorei o meu presente. quando o autocarro apareceu ainda estava a meio do sumo: shot do resto, pão na carteira e correr para o apanhar. over and out deste autocentrismo absurdo que nem merece ser um post de regresso.

NOTE TO SELF: tecnicamente, as tuas férias só começam às 18h.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

ESTRATÉGIA

há poucas pessoas a perceber a história dos horários de trabalho. eu comecei por ser uma dessas, sem limites no tempo de dedicação à profissão. tudo, e leia-se mesmo tudo, justificava as horas extra, o trabalho aos fins-de-semana, o adeus à família em prol de um ficheiro excel, o sorriso rasgado à porteira do escritório, quando tudo o resto se desmoronava fora daquelas quatro paredes. lembro-me de receber o telefonema com a notícia da minha avó-querida-Teresa ter morrido, cairem-me umas quantas lágrimas enquanto continuava o teste de auditoria que estava a fazer, secar o que restava e continuar. o importante era não parar. estava a 200km de distância de casa e voltar não me parecia sequer solução. não tinha carro, não tinha tempo, não tinha.. coração. e como existem pessoas que nos trazem os pés de volta à terra, como era o caso da minha chefe nessa altura, voltei à força de boleia e fiquei três dias em casa. foram dos três dias mais importantes que vivi até hoje. estar com a mãe e despedir-me da avó, estar com primos e relembrarmos os bons tempos passados em Sintra, com a avó-querida-Teresa a comprar o gelado das três cores da marca barata do Mini Preço, a beber chá todas as tardes, a dizer tudo sem filtro e com uma Graça superior à média das avós-queridas. e lembro-me de deixar à minha espera durante três horas que pareceram séculos, as pessoas que me eram mais próximas, tudo porque afinal tinha aparecido um pedido mais importante para fazer. mais importante do que quê? foi isto que vi toda a vida, foi isto que quis ser desde sempre. uma mulher de negócios, sem tempo para nada, a atender mil e duzentas chamadas em três minutos. show!

mas a vida mostra-nos, através de quem é diferente e nos descalça, que aquilo que a sociedade classifica de uhuh, muitas vezes é tão simplesmente a forma mais fácil de chegar ao limite, ao limite inferior da resistência humana. não é tanto o problema da vida nos ocupar 300% do nosso tempo, é a forma como esses 300% serão um dia espremidos em utilidade, amor aos outros e marca real na vida de terceiros. comecei a tentar sair da redoma onde me meti, para poder analisar o impacto que viver assim tinha na vida das pessoas à minha volta. quis avaliar os seus graus de felicidade, medir os seus níveis de libertação. e as conclusões foram extremas: quem escolhe viver dedicado totalmente à profissão, principalmente as mulheres, consegue tão somente acrescentar 7kgs de infelicidade por cada ano de vida.

quando conheci o B, andava com um horário de comover sardinhas: eram seis e meia e estava a pôr um pé no elevador a caminho de casa, eram sete e pouco e estávamos juntos na Missa, eram oito e pouco e estávamos a ir jantar e namorar, eram onze e muito e estava a deitar-me. depois tinha o dia das amigas, o dia da família, o dia de ir beber um copo à tarde: havia dias para tudo, viver tudo e fazer tudo. passado pouco tempo, cinco semanas parece-me, as coisas voltaram ao “normal”: saídas às oito da noite, às nove e às dez. as nossas conversas passaram a ser tidas à meia noite, quando o metro me deixava em casa para mergulhar diretamente na cama. os tempos de qualidade reduziram-se a um terço e os almoços à semana caíram no grupo das raridades. o conteúdo dessas conversas passou a ser baseado nos horários de trabalho e no dificíl que seria um dia, quando fossemos família. comecei, pouco a pouco e com toda a paciência dele, a mudar a maneira de olhar para a forma certa de dedicação profissional. comecei, pouco a pouco e com todo o amor dele, a mudar os meus projetos para o futuro. arrumei a ideia da mulher-de-negócios no baú das recordações para, um dia, mostrar às minhas filhas aquilo que eu não me orgulharia que elas viessem a ser. comecei a ser, verdadeiramente, normal.

estou agora com um horário de 9h-00h. consegui chegar ao pico daquilo que a sociedade classificaria como uma mulher útil. mas agora, vivo tudo isto com uma paz interior boa, mas boa. porque agora sei o que não quero. e sei por onde quero subir os próximos sete degraus positivos. só me falta encontrar o primeiro :)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

DESVIRTUAR

já te usei duas vezes hoje, uma por escrito, outra em conversa. 
achas que quer dizer alguma coisa?

YOU HAVE MAIL

tinha aquela lista de to do's que sempre a assistia e crescia. o tempo para ir resolvendo isto e aquilo ia desaparecendo e os restos que sobravam eram para o que lhe parecia mais importante do que riscar um desses pontos: para ele, para elas e para um sentimento de filha-única difícil de gerir sozinha (!).

depois de um mês de ritmo a 300, tinha chegado a altura de sair dali e permitir-se horas de descanso saudável, daquele em que não estava parada mas em que realmente descansava.

e foi este. o fim-de-semana de sair de Lisboa e rumar a Viseu. correr na antiga linha férrea e conhecer novos caminhos (estava na Suiça?), ler, pensar e rezar, passar horas à frente da lareira, ver um bom filme ("À Prova de Fogo", tão bom mesmo sem um único ator conhecido), falar sobre o filme, comer torradas-com-azeite-sal-e-oregãos e desistir para sempre de beber café, namorar, conhecê-lo melhor e vê-lo no seu habitat natural - no meio da família, doer a barriga de tanto rir, festejar os 25 anos de casados dos tios dele, conhecer mais pessoas, imaginar como seria a minha vida com um par de botas lindas daquelas e aproveitar para dormir a sério. e fazer deste fim-de-semana aquilo que imagino fariam as senhoras há 100 anos: escrever cartas à mão.

onde estão as 18h com que eu sempre sonhei

a sério?

Há casamentos que duram menos que certos contratos com um operador de telecomunicações.

Foi com esta frase que Ana Brito decidiu começar o seu artigo no Público de hoje, um artigo que em nada se relaciona com casamentos e que trata apenas de reclamações recebidas pela DECO sobre os prazos de fidelização avultados dos operadores de telecomunicações.

Sempre me pareceu necessária uma boa mas boa dose de criatividade para exercer jornalismo. É verdade que em Portugal o normal já não pega e procuram-se meios e sub-formas de puxar a atenção do consumidor de notícias e afins. E parece-me que, enquanto se continuar a nivelar por baixo, através de comparações sem nexo, imagens a roçar o absurdo e conteúdos que interessam -2, não teremos uma Comunicação Social que se orgulhe de ser isso mesmo: uma forma de comunicar, com verdade, a informação de um meio social que é normal, fácil de chegar e que respira beleza. Sem precisarem de trazer à tona aquilo que é sempre anormal e inalcansável para o comum dos mortais. E zero giro.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

INFLUÊNCIAS

vivemos uma vida inteira debaixo do mesmo teto, com os mesmos amigos e a falar a mesma língua. nos primeiros 10 anos de vida fomos literalmente uma só, porque olhando para fotografias não consigo perceber se sou eu, se ela. os seguintes 10 foram os anos de divergência - era preciso, pensávamos. afinal, só assim desenvolveríamos uma personalidade e mostraríamos ao mundo que uma eram agora duas: duas pessoas, duas almas e dois corações. tão parecidas como diferentes, trilhámos caminhos opostos, procurámos soluções alternativas, chamámos por diferentes ídolos.

mas, inevitavelmente, a mesma estrutura, os mesmos quereres e as mesmas raízes, levaram-nos a um caminho semelhante. e desta vez, quando nos voltámos a encontrar, estávamos diferentes: ela mais ela, eu mais eu. parecidas na forma de estar, diferentes na forma de ser.

e foi ontem. combinámos ponto de encontro lá em casa, às minhas horas de saída - aí perto das nove. eram dez e muito quando meti o primeiro pé dentro de casa. de há uns dias para cá que a vinha ouvindo dizer que tinha um projeto irrecusável para me apresentar e à primeira garfada de alface com alface, começou a falar. já a conheço, pensei, quando a vi abrir a agenda e começar a seguir uma ordem de pontos previamente anotados com uma caligrafia de ler e chorar por mais. aquela organização, pensei. ouvi-a até ao fim, enquanto me deixava convencer por aquele que poderia ser um projeto a duas. paralelamente, aconteceu-me o que acontece a todas as mulheres quando sentem um qualquer desconforto: pensava num outro tema, indiretamente associado a quem naquele momento me falava: que a ordem por ela vivida não era consequência de um mérito adquirido à nascença. não se dava sequer o caso de poder ter ficado com os meus 50% de arrumação quando partilhámos a mesma barriga. não, era resultado de esforço pessoal. um dia, depois o outro, depois o outro. só isso explicava o excel que partilhava com ele onde faziam um minucioso orçamento e definiam propostas de poupança ou despesas futuras. só isso explicava o bom, mas bom, que era entrar naquela sua casa: limpa, arrumada e com ar de lar, dos luminosos e alegres que sempre me invejaram. só isso explicava a carteira arrumada, o ar arrumado e a harmonia de vida.

chegou o momento em que teve que ir embora - afinal a ordem estendia-se também à hora de dormir para garantir que não se cortava no sono - enquanto eu fiquei a pensar naquilo. e naquilo. no projeto, que a seu tempo trarei para aqui e que me tem vindo a convencer mais e mais a cada segundo que passa. mas também naquela ordem, que já me tirara do sério quando vivíamos juntas: era como entrar num quarto que parecia a zara home no momento de abertura de portas - roupas por cores, velas com cheiro a impregnar o ar de cheira bem e tudo com espaço de alocação previamente definido - e passar de seguida para o meu, um quarto de guerra, qual feira da ladra na hora de fecho.


três da manhã. era hora de apagar a luz e ir dormir. o quarto estava agora arrumado em modo brinco e já podia fechar os olhos descansada. as roupas penduradas respiravam alegria e as coisas debaixo da cama já não tinham o estatuto de não-sei-onde-meter-isto-a-não-ser-aqui.

o que fica por dizer: o esforço de me arrastar para fora da cama no dia seguinte. e o perigo que representa a eficácia destas influências.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

acreditaram que valerias ouro

é como se fosse ontem. foi onde tudo começou. ia a caminho da praia grande na carrinha encarnada gigante com manas, primas e tia T. estávamos a passar um dias na serra de sintra, em casa da avó. ia perdida a olhar para as árvores de outono e decidi abrir a janela - as curvas da serra sempre me deixaram a ver a dobrar. cabeça de fora e foi quando aconteceu: caí em mim. comecei a pensar no mundo, olhando-o de fora. como quem assiste a um filme. e tentei andar para trás, chegar a respostas de "quem foi o primeiro". o primeiro que por aqui andou e que tudo começou. o arquiteto da maravilha que era tudo aquilo. depois de um esforço real, não consegui. passei à pergunta seguinte, tentando imaginar como é que tudo seria se não houvesse mundo. mas isso implicava que tudo aquilo que conhecia e que tinha como certo, certíssimo, não existiria. nada, nada. a praia grande, a piriquita, os meus pais, os meus irmãos: nada, ninguém. a sensação de vazio começava a aterrar e a gelar-me. e foi quando me lembrei daquilo: o sítio onde, nos últimos 24 anos, marquei presença a cada domingo. tinha que existir alguém que me queria ali, alguém que me criara porque sim, sem complicações. para ser amada e para amar os que me fossem dados. alguém que me enviaria em viagem, esperando-me anos mais tarde com uma mochila cheia daquilo que foram os tempos passados por aqui. nessa noite, dormi descansada. não só por saber que este caminho era um enorme presentão, mas por saber de onde vinha e para onde iria. na mais pura liberdade dos filhos de Deus, subiria os sete degraus de mão dada a um Pai que agora sabia como meu.

e agora, passados alguns anos, vejo a cara de radiante dela ao saber que ele, de centímetros, está ali. está nela e com ela. está neles. e é deles. e porque sei que para ela, ele, de centímetros, é um dom. um tesouro daqueles irreplicáveis, por ser demasiado bom para ser verdade. e porque percebo que para ele, ser pai é mais do que uma eventualidade: é o resultado físico e visível de um amor maior vivido pelos dois. é a personificação desse amor, daqueles que queremos para toda a vida.

e agora, passados alguns anos, reconheço que a vida é vida desde antes sequer de o ser. e que é 300% vida desde o primeiríssimo momento da conceção de uma criança. não há idades, horas ou segundos. a lógica, neste caso, não é matemática: é de amor. se nos é dado, então venha a capacidade de reconhecer a maravilha desse bem. agradecer, agradecer. e agradecer. e amá-lo, sem regatear. ser, simplesmente, simples. simples é algo que deixámos de conseguir ser, num mundo em que tudo pretende facilitar-nos a vida. perdemos a capacidade de descomplicar e aceitar que a vida é boa e simples e que a liberdade serve para decidir com vista a um bem maior, sempre. sem altruísmos ou egoísmos. e simples são as vidas humanas, desde a sua conceção. e complicados somos nós que nos esquecemos que cada criança que vem traz um pão debaixo do braço.


CAMINHADA PELA VIDA 5 de Outubro 2013 15h Marquês de Pombal - Praça do Rossio
e aproveitar, de sorrisão, a alegria dos 22ºC e de termos os nossos pais, que souberam dizer que sim e por isso estamos aqui, com capacidade para escrevermos a nossa própria história

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

era isto que estava a faltar. chuva.

e os sete graus negativos

era uma vez

uma daquelas histórias típicas que 
mais tarde servirão de mote para 
explicar 20Kgs extra em duas
semanas. duas. show.

acontece que por aqui apareceu um senhor que me anda a tirar do sério. nunca nos tínhamos cruzado e estávamos os dois melhor assim. e de repente, todo o escritório quer apresentá-lo à força, alegando que lhe faltam amigos, que nem todos conhecem as suas propriedades e que é portador de grande felicidade. não me convencia. mas nas últimas semanas, após grande insistência, veio até ao meu departamento todos os dias. todos os dias menos um. 

e nesse dia, morri de saudades. senhor pão de Deus: passou a persona non grata e agradeço-lhe que desista das investidas ao 8º piso. até qualquer dia
say... next weekend? :)

WISHHH LIST

Ir à Índia sozinha - Check, twice. 4 meses que repetia já amanhã se este, aqueles e aquelas viessem também

Viagem de amigos à terra Natal - Check, Irlanda onde espatifámos um carro porque nos esquecemos que se guia on the wrong side of the road

Subir ao Pico - Check, com boleia para voltar para baixo que nos valeu um belíssimo susto e mais algumas coisas que não vale a pena relembrar

Dormir em alto mar - Check, com a costa Norte de África bem perto e com um plano ambicioso para nos livrarmos dos enjoos: simulação de doença grave e hospital de Gibraltar com elas

Guiar uma moto4 - Check, muito a medo, à três fins-de-semana (obrigada pelo voto de confiança em que não nos ia atirar pela barragem!)





Passeio de kayak - Já agendado para Outubro
Uma aventura pelo Tejo com duração de 2h
Programa do mulherio (M, M, T e ?)

Fica a faltar: andar de balão, saltar de um avião, descer um rio à noite, fazer o transiberiano (!) e dar um saltinho ao Chile.

P.S1. Para o/a meu/minha querido/a "?": Acredito que serás uma rapariga, uma Luisinha querida da tia Ana
P.S2. Mas se fores rapaz, vais ser igualmente apertado nas bochechas e mimado até mais não. Às escondidas da mãe, está claro.

tão raro e tão bom

Cara Ana,

Foi com muito agrado que tive conhecimento do email que enviou para a RTP sobre a reportagem que realizei "Eu sou assim".

São palavras como as suas que estimulam o difícil trabalho que um jornalista desenvolve diariamente. E serão sempre aceites as boas e as más criticas, pois é da opinião que os outros têm de nós, como profissionais, que nos tornamos melhores.

Mais uma vez, grata pela sua atenção e delicadeza.

Atentamente,

Mafalda Gameiro
Direção de Informação Televisão
Editora Chefe

terça-feira, 1 de outubro de 2013

she's back!


and so well back

até qualquer dia

a decisão de acabar tudo tinha demorado a chegar. andava a pensar, a pensar. já em tempos tomara a decisão, tinha ido para a frente com aquilo e tinha sido eficaz, pensava. até deixar de o ser. em jogo estavam os amigos, a família, as pontes que os uniam. e tão rápido como acabava, recomeçava. passavam-se meses de muito tempo juntos e de confidências. tempos e confidências que não se enquadravam ali. mas agora, com a maturação da decisão, foi firme e eficaz (esperando não deixar de o ser). acabou. cancelou o facebook definitivamente até voltar a ver ali uma utilidade que não lhe tirasse tanto tempo e que não a ligasse às pessoas que lhe não são nada de físico, apenas virtual.

a verdade é que os parabéns caíram para 1/15 e que tenho que ligar para saber desta ou daquela. a verdade é que soube que a outra vai casar, semanas depois de todo um mundo. a verdade é que às vezes tenho saudades e que gostava da ideia de pôr aquela nossa fotografia e mostrar ao mundo caras de férias radiantes.

e a verdade é que o tempo duplicou, triplicou até. e a verdade é que sei de quem quero e como quero, com um news feed que passou a chamar-se ligas-me?. e que já não há interrupções laborais com a desculpa de descansar a cabeça - acabava sempre mais cansada e não há nada que ligar à pessoa certa não resolva. sempre me pareceu que há uma grande solidão por parte de quem passa a vida no facebook e eu corria o risco de me tornar essa pessoa. a verdade é crua e a minha é esta.

EU SOU ASSIM

Boa tarde,

O meu nome é Ana Ulrich, tenho 24 anos e quero agradecer à RTP a excelente reportagem jornalística emitida no dia 22 de Setembro 2013, “Eu Sou Assim”. Aproveito para dar os meus parabéns à jornalista Mafalda Gameiro e a toda a equipa que se lembrou de fazer uma reportagem com tanto conteúdo e relevância para a sociedade em que nos encontramos, com uma crescente tendência de desânimo e de procura de referências com padrões superiores, tanto a nível pessoal como espiritual.

Muito obrigada à RTP pela qualidade com que presta o seu serviço e as suas reportagens.

Subscrevo-me atentamente,
Ana Ulrich

Porque quando é bom, há uma razão ainda maior para não nos calarmos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

conquistas

a questão da fidelidade voltava a aparecer. não a uma coisa, não a uma pessoa. a uma situação. e a verdade, aquela que consegui agarrar por enquanto e que me deixa descansada para o que se segue, é que há apenas um fator que importa e que tem semelhante terminação. sim, a fidelidade há-de estar sempre baseada e bem sedimentada na felicidade.

a dificuldade, antes da facilidade, sempre me pareceu uma senhora atrativa, bem parecida e com elevada reputação. difícil sempre fora sinónimo de inalcansável, conquistável e restrito.

e agora, ao fim de um tempo, vejo que esse difícil que torna difícil aquilo que a vida traz e que é bom, que é muito bom, perde o brilho. e já é só isso mesmo, um grande 'não é por ali'. É por aqui.

Aos responsáveis da Comunicação e Marketing da Optimus Portugal

Boa tarde, 

O meu nome é Ana Ulrich e tenho 24 anos. Sou por isso considerada parte do vosso target “jovem” e foi com grande agrado que vi a Optimus a lançar uma nova oferta em termos de tarifário e de primazia do tráfego de dados sobre as comunicações voz, algo que faz todo o sentido dada a evolução do mercado de Telecomunicações e crescente adoção de smartphones. Devo acrescentar ainda que tenho o marketing da Optimus em elevadíssima conta, bem como a maioria dos portugueses (como assim indicam os vários estudos), verificando que optam por uma comunicação clean, fresh and simple, drivers que considero fundamentais para servirem a todo o mercado, desde os mais novos até aos graúdos.

Reconheço o esforço que a Vossa Empresa tem feito nos últimos tempos em termos de comunicação, um esforço meritório que visa quebrar o efeito de rede que se sente, principalmente nas ofertas a targets jovens, consequência de ofertas históricas e disruptíveis lançadas no mercado nos últimos anos. E é por esta razão que hoje vos escrevo. Foi com grande desapontamento que verifiquei o nome que optaram por dar à vossa mais recente campanha, que tem tudo para resultar sem necessitar de “dar que falar” pela opção de incluir no nome da marca as letras de uma sigla inglesa, sigla essa que, segundo defendido pela Vossa Empresa, permite expressar espanto, surpresa e até algum escândalo. É possível, sim. Mas não numa Aldeia Global como a Optimus afirma ser. Eu, mulher e parte do vosso target, não uso expressões como esta na minha Aldeia Global e não consigo perceber a necessidade de me expressar com palavras indecorosas para expressar espanto. Antes disso, muito antes, surgem-me outras que posso dizer à frente de amigos, família, colegas, etc.

Acredito que podem fazer muito melhor. Dificilmente esquecerei o senhor de certa idade que no Youtube apontava com a bengala para a barra do tempo, gritando “anda, barrinha!”, ou a campanha do All Together Now. Essa é a comunicação que vos carateriza, uma comunicação que não pretende chocar mas agradar. A comunicação da marca por vós lançada hoje, pretende apenas quebrar valores de integridade e deixar um sabor agri-doce nos portugueses. Optaram por nivelar por baixo, deixando-se levar pela comunicação fácil e barata: a que mais facilmente dá que falar mas também a que em três tempos se esquece. Termino este email dizendo que acredito que podem fazer melhor, muito melhor.

Obrigada,
Ana Ulrich

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

e se eu pudesse

.. mas só se pudesse, repetia esta hora de almoço amanhã e depois e depois e depois. E depois.

Onde é que andaste nos últimos 23,5 anos?

sexta-feira, 26 de julho de 2013

e quem se lembra..

.. dos Ear Lobes, aquele post que já lá vai faz tempo? 
Eu. E ainda me lembro de ter pensado que eles haviam 
de entrar em Portugal com o pé direito.

Quando menos esperasse.


E foi hoje.

Foi hoje que os encontrei à minha espera na Parfois
cheios de brilho e distinção, 
tal e qual como os tinha imaginado. 

Em modo low cost e.. já com poucos exemplares!

terça-feira, 16 de julho de 2013

DEGRAU #6

era preciso dar tempo ao tempo. um tempo sem tempo. ali sentado, terceiro degrau da rua da Vitória, olhava para o miúdo que já ia longe. continuavam os passos de dança e o orgulho naquele saco "pesado". sim, pensava, cada um levava o peso que podia, porque assim convinha. era esse o peso dele, de poucos centímetros de altura, um saco de rolos de papel para o mês inteiro. e era esse o seu peso, um dia de trabalho que parecia contar 53 horas e muitas. e era esse peso, adaptado a cada um, que parecia trazer a novidade do aprender a resolver mais do que a complicar. sim, a unidade de vida poderia começar pelo simples: acordar com a disposição de fim-de-semana, mesmo durante a semana. e pensava nisto ali sentado, terceiro degrau da rua da Vitória: um dia, um dia, teria a sua vitória.

as ruas de lisboa falam-me de ti



























às vezes calam-se. 
outras vezes gritam.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

AMOR DE VERÃO

Conheci-te há poucos dias e já não durmo o mesmo número de horas que antes. Levaste contigo a minha vontade de dormir, comer e correr, e sei agora que foi por ti que esperei todas estas horas, estes dias, estes anos. 

Somos feitos um para o outro, apesar das diferentes étnias: tu verde, eu branca. 
Somos feitos um para o outro, apesar das diferentes origens: tu italiano, eu portuguesa. 

E agora a pergunta, essa que tenho andado para te fazer desde que te vi pela primeira vez:  
" Meu querido Gelado de Pistachio, podemos não-nos-largar durante este Verão de 2014? "

HÁ 1440 HORAS ATRÁS

Estamos em tempo de re-organização. 
Dar uma ordem à desordem. 
Trocar as roupas de Inverno pelas de Verão, visitando um armário que parece sempre tamanho S.  
Trocar as sopas quentes por saladas frias e iogurtes naturais. 
Acabar os livros que estão a 10, 20 ou 200 páginas do fim. Dar o que não se usa, porque muito boa gente pode precisar mais do que o ilustre atual dono. 
Preparar a despedida de solteira de uma solteira que de solteira já tem pouco. Muito pouco. Lavar o carro.  Trocar carro por mota. Vender o carro. E o trabalho de o ter lavado?

Há uns dias atrás, lia que vivemos numa desordem e que essa nos influencia sobremaneira. São as ruas, é a confusão do trânsito que leva a atrasos, são os humores, é o coitado do estado do tempo. Espero que, ao ordenar as coisas ali de cima, estas aqui de baixo ganhem nova estrutura.

E agora, passadas 1.440 horas desde que escrevi isto na moleskine, tudo mudou a 300km. A ordem, essa chegou de fininho, sem estar necessariamente ligada a um armário mais arrumado (que está!), a mais saladas frias ou a um carro lavado. Nunca percebi como é que as ciganas da sina acham que o negócio tem sucesso - para além do triste que tudo aquilo é, está condenado ao fracasso porque o modelo onde sustentam o negócio é o da ausência de um natural suspense perante a vida, uma ausência de liberdade para fazermos das próximas 1.440 horas aquilo que quisermos, na mais plena liberdade de quem se sabe criado para coisas maiores.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

MANAS

3 saris - dois para alternar dia-sim, dia-não e um para dias de festa - feitos à mão por doentes de lepra. Um balde para os lavar diariamente. Uma barra de sabão azul. Quilos de alegria. Vozes de anjo. 

Com esta reduzida lista de ingredientes, sobre-vivem as manas. Sem protagonismos, sem falsas modéstias, sem barreiras, são assim as M.C., Missionárias da Caridade.

Tive a oportunidade de estar com elas na Índia em 2009 e 2010, quatro meses que mudaram tudo: uma até então desconhecida necessidade de silêncio para ouvir Alguém maior, uma vontade de reduzir drasticamente o número de peças de roupa no armário e a descoberta de um amor aos outros, quando esses outros estão em condições tais que não sabem constituir alguém

Uma mudança na corrente sanguínea, bem cá dentro: vinha mais apegada que nunca às relações, e mais desapegada que nunca das pessoas. Porque as ouvia a dizer, sem dramas, que uma Missionária da Caridade envia uma carta por mês para casa e que só se volta a encontrar com a família ao fim de 10 anos, 120 cartas depois. Vinha centrada no que realmente faz correr sem cansar.

Uma mudança também do lado de fora: quando voltei, em pleno Verão, não conseguia andar com roupa que mostrasse mais do que tornozelos, pescoço, cara e braços. Vinha radiante, desprendida de telemóveis, i-pods, banhos de água quente, maquilhagem, chocolates. Coisas. Andava descalça por tudo o que era canto - casa, rua, carro - o trânsito infernal, mas extremamente organizado da A5, causava-me dores de cabeça e a ausência de estrelas no céu lembrava-me as saudades do campo indiano, das luzes naturais, do silêncio dos anjos.

E foram tempos de relativizar tudo o que até então era mais-que-certo. De perceber que não há maior alegria do que dar tudo o que temos e que muito mais recebemos. De dar muitos sim's, um maior que todos os outros, depois de ter aprendido com a sua entrega de amor e contemplação, no meio das ruas confusas, sujas e barulhentas de Calcutá.

E hoje, só hoje, é um desses dias em que chegam, lá de longe, do Oriente, as saudades destas mulheres e daqueles abraços, o ar potável daquele fim de mundo que não trocava por nada. Saudades destas mulheres que são, acima de tudo, M.C., Mães da Caridade.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CETERIS PARIBUS

Se tudo o resto constante, é por aqui que quero ir. 

É altura de pôr mãos à obra e começar. Devagar, que as decisões deste calibre implicam sempre muito jogo de cintura: próprio e de terceiros, quartos e quintos. 

Andava-me a faltar a segurança de um outro passo, uma diferente estação, um novo coração. A mudança, quando desconhecida, implica mais do que contar até 10 e respirar fundo. Conta-se até 100 e não se respira.

As pessoas devem ter suficiente confiança em si mesmas para poderem ter aventuras; e suficientes dúvidas sobre si mesmas para conseguirem divertir-se com elas.

Venham os novos projetos, venha o arriscar aquilo que é e será a possibilidade de ver acontecer um sonho de há muitos anos. 

Se tudo o resto constante, é por aqui que quero ir.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

DIAS DE LUTA, DIAS DE GLÓRIA

E no fim, pensava nisto: que cair era tão mais fácil do que se manter de pé. Porque tinha 7 mil formas diferentes de cair, bastava aterrar no chão sem interessar o modo de voo escolhido.

Mas para ficar de pé, não.
Porque aí, existia uma e uma forma: ficar de pé.
E essa, já a conhecia de cor.
A teoria, pelo menos.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

inCERTEZAS



Este tempo que andei sem vir até aqui, teve por justificação vários fatores que ainda não vêm a propósito.
Os dias passaram e a vida mudou. E trouxe consigo uma nova ideia, que dá mais estabilidade e calmaria a esta praia.

Não precisamos de certezas absolutas.
Precisamos delas em parte, aí uns 70,6%.
Ter a certeza das coisas faz-nos não procurar razões para as fazermos acontecer.
Ter a certeza das coisas vem complicar a vida que é simples, fácil e um luxo nos dias que correm.
Ter a certeza das coisas deixa-nos os pés pregados ao chão sem possibilidade de sete graus de elevação.

Porque se me perguntarem porque é que eu prefiro viver no meio da civilização em vez de virar selvagem, eu tenho a certeza da resposta. 100% certeza. E quando chegar o momento de responder, vou olhar à minha volta e começar a vacilar, enunciando objetos e tentando explicar que prefiro uma cadeira a uma árvore para fazer refeições. Tentando explicar o inexplicável. Porque cá dentro, há 100% de certeza, que faz com que nunca tenha perdido mais de 2 minutos a pensar nos seus porquês. Chegarei ao fim com uma única certeza: de não me ter explicado bem mas de ter a certeza que selvagem não quero ser.

E depois vem a ideia que anda a sair que nem pãezinhos quentes: é que se me perguntarem qual o racional das decisões tomadas nos últimos meses, vou-me rir primeiro e depois, no mesmo registo, responderei que não tenho 100% certeza. Tenho esses 70,6% que me deixam dormir descansada quando o dia chega ao fim. Deixo o resto sem resposta, correspondendo à componente de mistério que confere parte da piada a esta vida. Não preciso sequer de perceber porque é que o sol nasce todos os dias, nem da explicação científica por trás deste fenómeno. Basta-me a certeza de que quem criou tudo isto tem espírito de criança. E que, tal como as crianças brincam e pedem “mais uma vez” quando aquele jogo as deixa radiantes, também Ele o faz, pedindo, ao final de cada dia, e deslumbrado como uma criança perante a sua criação, um “mais uma vez” derretido. E ao verem este Amor, ninguém lhe recusa o pedido: o sol volta a nascer, as estrelas voltam a dançar a milhões de quilómetros e nós voltamos a acordar.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

rosas de santa teresinha

13.

T2

"Ser fiel a uma mulher é um pequeno preço a pagar para poder, sequer, ver uma mulher. Queixar-me de só poder casar-me uma vez seria o mesmo que queixar-me de só ter nascido uma vez. Era incomensurável com a tremenda excitação inerente ao assunto em apreço, que era uma prova, não de uma exagerada sensibilidade à atividade sexual, mas de uma curiosa insensibilidade a essa atividade. Um homem que se queixe de que não pode entrar no céu por cinco portas ao mesmo tempo é um imbecil. A poligamia é uma falta de realização da atividade sexual; é o mesmo que um homem colher cinco peras por mera distração."

Chegaste à minha vida sem aviso. 
Chegaste e estás para ficar.

E vens responder à pergunta que andava a flutuar, sobre o porquê de tantas espécies humanas nesta terra e da escolha de um e um só. Para sempre. Não se trata do "quantos-queres" que se jogava na escola, trata-se do "como queres" que se joga hoje: mais sal, mais pimenta, mais doce, mais agri-doce. Com os olhos postos no outro, elevando uma realidade natural ao sobre-natural. Esquecendo-nos do que queremos, e não do que somos, indo ao encontro do que o outro é e daquilo que a dois se chama construir.

Obrigada, G.K. Chesterton.

T


Sou gémea da minha gémea. 

Talvez por essa razão, desde cedo, seja alérgica a tudo o que sejam cópias, imitações de terceiros ou ser igual ao outro. 

Porque me soa sempre a falta de personalidade quando ficamos numa zona de conforto tal que não nos permitimos arriscar usar isto ou aquilo e mantemos a segurança de ver que ela fez, usou, aconteceu e então já estou preparada para o fazer, usar, acontecer.

Conheço pessoas à minha volta que são verdadeiramente originais. Cheias, mas cheias, de personalidade, que arriscam o diferente, o ir contra a corrente. Ser mais à frente.

E hoje, quando ouvi a L a dar uma gargalhada em pleno open space, percebi que mais do que pelo racional, estas coisas entram por contágio. Estou com formas de rir i-guais à dela, dois tons abaixo. Damn.

FOI HOJE

Olhámo-nos nos olhos durante alguns minutos. No fundo, pretendia fitá-lo com a esperança que não fosse branco, fosse só mais loiro. Um loiro-branco. Mas não, é real. Veio para ficar. Se estava preparada para a sua chegada? Não. Não estava preparada para o aceitar com um sorriso de boas-vindas, nem sequer com um sorriso amarelo.

Mas a verdade é que o tempo passa, e também por aqui passou. E antes de começar a pensar que estou a ficar velha, do alto dos meus 23, tenho que relativizar tudo isto e pensar que é sinal de vida ativa, maravilha.

Olha querido, bem vindo. Sê feliz aí, no alto da minha cabeça. Deixa-te ficar o tempo que for preciso. Maaas.. nem penses em cometer o disparate de chamar mais primos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

e ao fim de 4 meses, 154 posts e 12k visitas










a pergunta que desenhei escrevi na moleskine, volta a repetir-se.

É normal e é saudável (?).

A resposta está mesmo a sair do forno.

Quando tiver arrefecido, venho contar se tinha sal a mais.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

o que é que te passou pela cabeça

LAÇOS EUROPEUS

Quando o que une diferentes pessoas constitui algo tão precário e fraco como o dinheiro, a relação tem tudo para fracassar. Mesmo que se diga que não, que o que move as partes é algo mais profundo e altruísta, as únicas pessoas que perdem em manter a fachada são as próprias. Inevitavelmente, a bomba vai estalar quando o dinheiro acabar. E inevitavelmente, se se trata de um casamento nos moldes do verdadeiro casamento, estala a bomba mas aguentam-se à bronca. E desta forma, crescem, traçam novos esforços e desafios e limam as arestas que primeiramente os levaram à decisão de se manterem juntos.


Vou voltar atrás neste romance, porque me parece essencial analisar a razão que levou as partes a dar o nó, em 1957. O que os moveu? Uma genuína vontade de tomar decisões em conjunto, uma visão a dois, a cinco, a vinte e sete. Um interesse comum feito de visões únicas. Uma união mais forte, mais capaz, mais indestrutível, mais una, mais deles.

E mais nossa. Portugal aderiu à União Europeia nos anos 80. Uma união que procurava acima de tudo um aumento da capacidade económica através de uma abertura a novos mercados, a novas transações e a um mundo até então inacessível. Os drivers para além dos económicos, nunca foram bem comunicados. Nem assimilados. Não era fácil porque não lutámos juntos, os 27, desde o início. Porque tivemos guerras feias e frias entre as suas partes. Porque temos formas de pensar tão diferentes, que quase se anulam. Porque em várias dessas transações, eu ganho, se o outro perde.

As obrigações são títulos de dívida onde uma das partes, seja neste caso o Estado Português, emite um título em troca de um montante acordado, pago pelo investidor X. Na forma mais simples das obrigações, o X pagaria hoje o montante de uma obrigação a 5 anos, receberia juros pelo custo de oportunidade do dinheiro emprestado ao longo dos 5 anos, e receberia no final deste período o valor que tinha emprestado, atualizado a essa data, uma vez que cinco euros, por teoria, valem mais hoje (isto revela-se óbvio quando pensamos nos depósitos a prazo).

Já uma Eurobond é uma obrigação emitida pela União Europeia, composta pela dívida dos países que a constituem. A participação dos países neste tipo de obrigações tem que ser inevitavelmente ponderada uma vez que a solidez da dívida que apresenta uma Alemanha nada tem que ver com a solidez da dívida de uma Grécia. Uma das propostas relaciona-se com o rácio de dívida em % do PIB do país (debt-to-GDP ratio), o que se trata de um forte indicador mas ainda assim insuficiente: por força da nossa estrutura, a palavra dívida, debt, schuld, deuda, dette, pode querer dizer muita coisa.

Vantagens? Países de menor dimensão, com acesso mais fraco aos grandes mercados, ganham uma nova liquidez e mais depressa vêem a sua dívida transformada em ativo do que anteriormente.

Desvantagens? É uma praga para países como o nosso. À partida esta opção revelar-se-á um el-dourado: a dívida que inunda as nossas contas, unida à dívida de países como a Alemanha, dará à eurobond uma estrutura de dama de ferro, como se de uma garantia de ouro se tratasse. Do tipo "óbvio que se a Alemanha está metida ao barulho, não pode dar para o torto e vou receber o dinheiro que investi". Mas pode correr mal, porque em tempos já falámos do conceito de default. E é por isso que, este mês, a chanceler alemã, Angela Merkel disse um redondo Não às Eurobonds.

Sou da opinião de que este instrumento não é descabido de todo, mas que tem que ser mais limado e regulado. Nos moldes atuais, beneficia os países que se encontram sobre-endividados - "vale a pena dever muito dinheiro!". E só resolvendo a crise como o estamos a fazer, sem soluções fáceis, é que este nó, dado em 1957, pode crescer, traçar novos esforços e desafios e limar as arestas que primeiramente os levaram à decisão de nos mantermos juntos.

Porque no final do dia teremos que parar de fugir com o rabo à seringa e pagar o que devemos. Quer seja daqui a dois, cinco ou vinte e sete anos.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

la ballata dell'amore cieco


Voltas? É que os dias não são os mesmos, as horas de conversa andam a perder-se, o meu armário tem saudades dos teus assaltos e o chá-que-tu-bem-conheces está ali, parado, à espera que voltes.

E para saberes que o italiano que tanto queres aprender (e com certeza já dominas) também se pode ouvir em Portugal, graças ás novas tecnologias, ouve isto - La Ballata dell'Amore Cieco, de Fabrizio de Andre. Faltam dois dias, mas já faltaram muito mais. E os dois euros de conversa de ontem foram os mais bem gastos dos últimos tempos! Mais até do que a Hola desta semana.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

ressuscitas 132 anos e bebemos café amanhã?

There is something at the bottom of every new human thought, every thought of genius, or even every earnest thought that springs up in any brain, which can never be communicated to others, even if one were to write volumes about it and were explaining one's idea for thirty-five years; there's something left which cannot be induced to emerge from your brain, and remains with you forever; and with it you will die, without communicating to anyone perhaps the most important of your ideas.”

Dostoyevsky in O Idiota 
Vou estar de branco, ás 18h, na mesa do canto.

e aquelas pessoas

que editam textos depois de passarem dias, meses, anos de os terem escrito e que, apesar de já fazerem pouco sentido, continuam a ser uma criação sua, não existindo a possibilidade de ficarem fechados num qualquer caderno a ganhar pó? 

Hoje foi assim.

BALDES DE ÁGUA FRIA

Faziam-te falta, tantas vezes. Este veio de repente, sem esperares. Mas fazia-te falta, andavas adormecida. Acordaste para uma realidade que te escapava pelos dedos. Vivias uns degraus acima do chão, sem querer voltar à terra porque ali se estava bem. Muito bem. Era como se emigrasses e pudesses ser o que quisesses, bastava seres. A água, que inicialmente era gelada, foi ganhando temperatura. Passou a morna, como passaram os dias. E ultimamente, é nela que decidiste tomar os teus banhos. Deixa-te ficar por um bom tempo, ou podes perder uma oportunidade que dificilmente recuperarás. Conheço, sei que facilmente esqueces, passas por cima, no passa nada, e começas a dança da chuva.

Desta vez, só desta, deixa-te ficar por um bom tempo. Ganha-lhe os cinco sentidos, volta a experimentar o sabor agridoce da derrota. Volta atrás, não para relembrar o que não queres que seja, mas para construires a partir do imediatamente primeiro segundo. Não queiras que te devolvam o puzzle montado porque é numa dessas mil peças que está aquela que servirá de pista para o que se segue.

DIY: aprender a andar

pões um pé, depois o outro. Paras. E repetes o processo.

E deixas de chinelar como se fosses a caminho da feira de Sintra vender o último grito de peúgas.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

9:35 am

Falávamos sobre perceber mesmo bem inglês. Do-mínio puro. Aquele momento em que percebes que estás a pensar em inglês e depois traduzes para português sabes? Em que quase traduzes o português para inglês para perceberes do que se está a falar. E aí atravessei-me com N, saberás que estás a do-minar o inglês no dia em que sonhares em inglês. Assentiu, parecendo-me convencido. Voltou cada um para o seu trabalho.

Hoje, passados uns bons dias daquela conversa, já eu me tinha esquecido de tudo, chegou ao escritório em modo dança-sapateado-como-quem-ganha-o-euromilhões, sentou-se ao meu lado e disse-me não vais acreditar mas hoje, finalmente, aconteceu. A, hoje sonhei em inglês! Semi-cerrei bem os olhos, numa tentativa de perceber se era história, se real. 

Pareceu-me real, e avancei com grandes expectativas, então? Sobre o que era o sonho?
E ele responde só isto, só isto, não sei, não percebi nada..

P.S. Espero que o teu Benfica perca.

ás 11 mil pessoas que vieram aqui nos últimos 4 meses

Obrigada!

POÇÃO MÁGICA

# Bagas inca
# Farelo de trigo
# Óleo de onagra
# Pólen de abelha
# Cacao crú partido aos bocados
# Leite de arroz que a M desancantou não sei onde
# Amêndoas de alperce dos indianos do Martim Moniz
# Coisas grandes que parecem amêndoas (o que é aquilo?)

Misturas tudo dentro de uma taça e fazes disto o teu pequeno-almoço. 
E começas seriamente a pensar que virares pessoa-esquesita é mais fácil do que parecia.

SUPIMPA




























Andava a gostar daquele ritmo. Aprender a dormir sete horas obrigatórias, acordar de noite, fazer o que tinha a fazer, encontrar-se com o mais-que-Tudo que sempre a esperava ao final daqueles sete degraus positivos. Dizer bom dia ao senhor que antecedia esse encontro, romeno, de mão estendida e que à sua passagem fazia um sinal de fixe-surfista tipo hang loose que não se percebia bem se o era ou se se tratava de um sinal-depois-ligas-me? Garantir que vestia vestido para facilitar o processo de final de serviço, quando saía a tempo de ver luz do dia, atravessava o eixo norte sul enquanto mudava para roupa de corrida – primeiro semáforo calções, segundo semáforo parte de cima, subida até ao aeroporto sapatos – e chegava ao seu rio. Tudo fácil, até ao dia em que se esquecesse da regra do vestido.

E ontem não foi exceção. Cheguei ao rio pronta para os 7 km’s da fuga das galinhas e comecei. No ipod passava desde David Guetta a Imagine Dragons, concerto que não tarda nada e onde já garanti o meu lugar. Lado esquerdo, correr como se não houvesse mais nada nada nada. Lado direito em direção a um rio a perder de vista. E eis senão quando começo a ouvir um senhor a gritar todo contente e a esbracejar qualquer coisa de vago. Menina, corra mais rápido que eles já estão a chegar à meta. Vá despache-se! Eu ria sem saber de onde me tinha aparecido o senhor gordinho de bochechas rosadas. Continuei a correr. No regresso, lá estava ele. Viu-me e demorou dois segundos entre passar as coisas que tinha nos bolsos para o amigo e começar a correr na minha direção. Tudo me passou pela cabeça – é agora que me vai sair um free hug? Vamos chocar barrigas? Per-deu a ca-beça?. Nenhuma destas, só queria festa e um bocadinho de atenção. Estendi a mão, chocou na minha e segui viagem. Continuou a gritar todo contente mas já não o ouvia. Fizeram-se os últimos km’s a rir e a pensar que um dia, quero ser como o senhor gordinho, mantendo um espírito bem jovem e uma disposição para correr em sentido contrário ao óbvio.

E quando ia a subir o seu Mon(te)Santo, viu a mensagem dela e percebeu o que se passava. Despachou-se a marcar o número com uma ansiedade fora do normal, quase de certeza que sabia qual era a notícia do outro lado. Ouviu a voz da R e percebeu que sim, era isso mesmo. Falaram, falaram, falaram. E desligou no momento em que entrou em casa, com uma alegria extra, que dava vontade de cantar tudo o que passasse na rádio. As últimas horas do dia tinham sabido a pato daquele do sushi (!) de Entrecampos.

terça-feira, 14 de maio de 2013

olá, blog

só para te dizer que tenho saudades tuas mas que ainda não te posso dedicar a atenção que precisas. Esperas mais um bocadinho? Pegar em ti ao colo está na minha lista de pendentes, quase quase no topo. Falta o quase.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

APARÊNCIAS

Há uns tempos atrás estavam todos em equipa a almoçar, quando a chefe disse uma coisa simples. E que, embora aparentemente simples, ecoou em muitas cabeças. Masculinas e femininas.

Eu se pudesse tinha mais cinco filhos mas a idade já não permite. Mas sou 200% a favor de famílias grandes e que as mulheres tenham muitos filhos. Todos os que puderem e quiserem. Mesmo que trabalhem na minha equipa, promovo esta ideia. Porque daí advém uma felicidade que nenhum bónus que eu lhes possa dar, ultrapassa.



























Depois deste aparentemente simples almoço, o tom das conversas entre eles começou a mudar. A outra, casada e com um filho de dois anos, ficou a pensar no assunto. O outro, com dois miúdos pequeninos, começou a pensar na miúda. Os dois andavam felizes. 

E hoje, ela anunciou à chefe que está à espera de bebé. A reação foi de gritos. Feliz da vida, a chefe dava-lhe os parabéns e não se calava com um "que fixe!" e com parabéns a propósito e despropósito, deixando para depois ou para um talvez-nunca a logística complicada que será a ausência dela, cabeça da estrutura. Como se de uma própria filha se tratasse. Priceless. 

Giro como, com uma conversa aparentemente simples, se mudava o rumo de vida de, pelo menos, três pessoas.