A dúvida começou
há quase um ano, quando ela foi pedida em casamento. Lembro-me como se fosse
hoje, feliz, radiante como só ela, ás três da manhã de uma sexta-feira 13. Como
poucos esperávamos que ele escolhesse essa data, desafiando os mais supersticiosos,
havia pouca coisa preparada para os festejos. E assim, ás três da manhã de uma
sexta-feira 13, a aparelhagem tocava gipsy kings, bebíamos vinho verde e
olhávamos para eles os dois, felizes e radiantes como só eles.
Nessa noite,
ficámos as duas a conversar até tarde, mas tarde, ela a dizer que estava à espera mas que ao mesmo tempo não estava, eu a mandar mil mensagens, a pensar o
que fazer a seguir, agora é importante
fazermos um orçamento, e como é que
queres o vestido?. Até que, vencidas pelo cansaço, adormecemos lado a lado.
No dia seguinte acordámos com dores de costas e de cabeça, pelas poucas horas
dormidas e pelo reduzido espaço que havia para duas pessoas numa cama de
solteira. Ela, noiva. Eu, madrinha e irmã da noiva.
E desde aí, ando
a pensar no que vou vestir, onde o vou fazer, como o vou fazer, tecidos, materiais,
eu sei lá. O importante é que comecei a perceber que aquilo que eu achava que
fazia, tinha uma vaga ideia que sim, percebi que faço Mesmo. Adiar as decisões
para as quais não me sinto capaz (estás
a falar de um vestido, fofinha..) de escolher, com toda a certeza, o certo, o
mais uau.
E andava neste limbo, até que, no outro dia aqui pelo escritório,
em conversas com a minha secretária, ela mandou um berro (sentido figurado, não
foi escandalosamente alto) quando percebeu que eu ainda não tinha vestido. Ana, a tão pouco tempo do casamento, não tem
na-da? Na-da? Eu acenava que não com a cabeça, estupefacta como uma filha
que leva um sermão da mãe sem estar à espera. Vai disto, agarra no telefone,
liga à costureira XPTO que lhe fez o vestido da filha, marca-me uma hora, a
costureira e a prova. Santa eficiência, que tanto me andava a faltar. Como cheguei até
ao vestido-que-me-tira-o-sono não sei. A senhora costureira levava-me os olhos
da cara e por isso, não foi opção. A escolha acabou na Etxart e Pano, com
modelos que estão para lá de incrível. Um muito obrigada à Carlota que me
sugeriu esta loja num comment ao meu anterior post-desespero! Vale a pena
passarem por lá, se têem casamentos a bater à porta. Amanhã vou buscá-lo à loja.
E amanhã, espero já dormir descansada, com esta dúvida existencial resolvida.