Andava a gostar daquele ritmo. Aprender a dormir
sete horas obrigatórias, acordar de noite, fazer o que tinha a fazer,
encontrar-se com o mais-que-Tudo que sempre a esperava ao final daqueles sete
degraus positivos. Dizer bom dia ao senhor que antecedia esse encontro,
romeno, de mão estendida e que à sua passagem fazia um sinal de fixe-surfista tipo
hang loose que não se percebia bem se o era ou se se tratava de um
sinal-depois-ligas-me? Garantir que vestia vestido para facilitar o processo de
final de serviço, quando saía a tempo de ver luz do dia, atravessava o eixo norte
sul enquanto mudava para roupa de corrida – primeiro semáforo calções, segundo
semáforo parte de cima, subida até ao aeroporto sapatos – e chegava ao seu rio.
Tudo fácil, até ao dia em que se esquecesse da regra do vestido.
E ontem não foi
exceção. Cheguei ao rio pronta para os 7 km’s da fuga das galinhas e comecei.
No ipod passava desde David Guetta a Imagine Dragons, concerto que não tarda
nada e onde já garanti o meu lugar. Lado esquerdo, correr como se não houvesse
mais nada nada nada. Lado direito em direção a um rio a perder de vista. E eis
senão quando começo a ouvir um senhor a gritar todo contente e a esbracejar
qualquer coisa de vago. Menina, corra
mais rápido que eles já estão a chegar à meta. Vá despache-se! Eu ria sem saber de onde me tinha aparecido o
senhor gordinho de bochechas rosadas. Continuei a correr. No regresso, lá
estava ele. Viu-me e demorou dois segundos entre passar as coisas que tinha nos
bolsos para o amigo e começar a correr na minha direção. Tudo me passou pela
cabeça – é agora que me vai sair um free hug? Vamos chocar barrigas? Per-deu a
ca-beça?. Nenhuma destas, só queria festa e um bocadinho de atenção. Estendi a
mão, chocou na minha e segui viagem. Continuou a gritar todo contente mas já
não o ouvia. Fizeram-se os últimos km’s a rir e a pensar que um dia, quero ser como o
senhor gordinho, mantendo um espírito bem jovem e uma disposição para
correr em sentido contrário ao óbvio.
E quando ia a
subir o seu Mon(te)Santo, viu a mensagem dela e percebeu o que se passava.
Despachou-se a marcar o número com uma ansiedade fora do normal, quase de certeza
que sabia qual era a notícia do outro lado. Ouviu a voz da R e percebeu que
sim, era isso mesmo. Falaram, falaram, falaram. E desligou no momento em que
entrou em casa, com uma alegria extra, que dava vontade de cantar tudo o que passasse na rádio. As últimas horas do dia
tinham sabido a pato daquele do sushi (!) de Entrecampos.
3 comentários:
Obrigada por me fazeres rir/pensar através dos teus posts. Gostei especialmente do de hoje porque assisti a tudo (estava uns 50m atrás de ti!)!
Querida Inês R, quem és tu?? Ando a dar voltas á cabeça e nada. Maaas: és a Inês amiga do G, da EY? Ou nem por isso? Bem, podes querer manter-te no anonimato e isso é justo, eu também o faço. Se não for o caso, email me @ anahulrich@gmail.com e vamos combinar correr juntas. Obrigada pelo teu comentário! :)
Sou a amiga do G, da EY sim! E claro que sim, temos de combinar ir juntas (já coincidimos várias vezes por isso deve ser +/- fácil combinar)! Vou enviar-te o meu número para o teu email, torna-se mais fácil! Beijinhos
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