São 3 e 17 da manhã e chego a casa. Estou no ponto em que o sono já não me assiste e que a cozinha é o mais apetitoso local de paragem. Tínhamos jantado há umas boas horas e naquele momento, sim, naquele preciso momento, uma única coisa me faria parar antes de aterrar na cama: alface. Se houvesse alface lavada no frigorífico, eu seria uma mulher feliz, ás 3 e 18 da manhã. E como havia (!), temperei-a com azeite e sal e sentei-me a pensar na noite que estava a acabar. Ali, sem o barulho da música, sem a confusão de pessoas, sem nada que me pudesse distrair, fazia um resumo das últimas horas.
Começámos por ser três, depois quatro, e se viesse mais a A? e passámos a cinco e olha, já agora, deixa ver se a C e a R alinham, e já eramos seis. Como chegámos ás oito não sei bem, mas ás 22h as oito estávamos no Honorato do Princípe Real para jantar. O restaurante para quem não conhece, é daqueles que vale a pena visitar. É um sítio de paragem obrigatória para fãs de hamburguer e jantaradas de amigos.
Adorei. Não gosto desta palavra usada com vulgaridade porque sempre ouvi que para adorar alguém, tem que ser desses "alguém" que valem a pena. Dos que não passam com o tempo. Usar a expressão em relação a "coisas" ainda faz menos sentido, porque essas com certeza que passam com o tempo e todos os dias fazemos experiência disso mesmo. Mas este jantar, adorei. Não pelo hamburguer de pimenta, que é O melhor do mundo, não pela mesa catita no cimo das escadas, não pelas pessoas simpáticas que nos serviam. Adorei porque este conceito é tão possível em Lisboa que ás vezes nos esquecemos dele: o de estarmos com amigos, mas também com amigos de amigos, que passam a ser nossos amigos. Algo que só é possível com uma boa dose de espírito aberto e de querer aprender com este e com aquele. Com todos. Conhecer porque sim, porque.. porque não?
Adorei conhecer melhor a S, a L e adorei conhecer a A. E de estar com a R e com a C. E delas, que não podiam faltar. Porque é destas relações que se fazem as experiências de vida, parece-me. É do interesse por quem anda ali, á nossa volta. Querer conhecer as suas coisas, os seus mundos, e como pensam em relação a isto ou aquilo. E é com este interesse que se começa a andar a passo (mais) rápido e em conjunto, para um horizonte sem distância mas com silhueta perfeitamente definida.
Prato-pratada de salada acabado e é hora de ir dormir. Olho para o lado e tenho companhia: um senhor doutor mosquito, daqueles que parece que também comeram um hamburguer ao jantar, olha para mim desafiante. Fecho a porta e desisto da sua causa.
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