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terça-feira, 12 de março de 2013

fez-me lembrar



aquele dia em que agarrei nas minhas tralhas e menos-tralhas, quatro da manhã, frio de rachar. Tudo enfiado dentro do carro até não poder ver ri-gorosamente nada pelo espelho retrovisor, mapa nas mãos e dirigir-me aquela que o povo chama de A Majestosa Feira da Ladra. O meu metro quadrado estava garantido, alugado há uma semana e o dia prometia render. Fomos em família, mulherio solo e virou festa: a M gritava a plenos pulmões que tinha "a calça mai' barata do mercado!"; a V berrava em modo lota "a cigana perdeu a cabeça, é tudo a cinco euró"; a L convencia os transeuntes de que os lenços e chapéus de escuteira eram o último grito da moda, "uma oportunidade única fregueses!".



Todos gostamos de fazer uns busi(nesse)s, vender umas coisas aqui, ganhar umas margens ali. E hoje, mal aterrei no oitavo andar, estava o outro a rejubilar, quase comovido, por ter vendido, no OLX, um parque dos miúdos que já não tinha utilidade para além de constituir o senhor mono da casa. Perguntei-lhe o que se seguia. Ele, de olhos a brilhar, parou para pensar. 

Por não querer esperar, avancei. "Achas que um dia será a vez dos filhos, quando te triturarem a cabeça?". Acenou que sim, que era exatamente o que lhe ia na cabeça, mas estava sem coragem para o dizer. E logo a seguir: "Pensando bem, não. Esses dois não têm preço!"

4 comentários:

Joana Nestor disse...

Esta FIRANGHI diz umas coisas engraçadas...VOLTA E MEIA! ahah!

Anónimo disse...

Por qué esse nome?? és o meu entretém nas audiências de julgamento! A parte dos chapéus dos escutas está hilariante!

Ana disse...

Olá miúdas. Era o que os indianos me chamavam, significa estrangeira. Ando a ganhar respeitinho ao poder da internet e ao revelar identidades (thanks Sara!). Mas ainda sou eu!

Unknown disse...

Adoro Firanghi! Sounds perfect! Fits perfectly!!
Jo, beijinho com saudades!! Amanha vou para Chaves :)