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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

tempo, passas a correr


Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar. 

Hoje, Tu és tudo o que eu não sei largar, mas não és meu. É dia 25, o dia da confusão, das piscinas para o almoço de um, jantar do outro. É o dia dos atrasos, do stress-por-excelência, das birras dos miúdos. Um dia em que, qualquer que seja a crença, qualquer que seja a raça ou a cor, sabemos reconhecer um coração diferente. 

Foi sentir Lisboa pela primeira vez, abrir esta janela e cair para trás com um vento que entrou, quando menos esperava. Sentar-me naqueles degraus que já conheço, em cima do bocado de cartão do Sr. Joaquim e imaginar por onde andará. Olhar para a rua com os seus olhos, ouvir as moedas a cair no seu copo..

Em modo casca-de-cebola, com vinte camadas de roupa, quis o frio de Belém na pele, e passei a três. Subi esses degraus pela centésima vez com se fosse a primeira e ajoelhei-me perante Aquele único por quem o faço. Na mais plena liberdade, entregar-lhe a minha. Querer ter os meses que Ele tem, para podermos falar de igual para igual ­– sem cerimónias ou pouco-à-vontades. Sermos iguais. Foi realizar que nunca o seremos – iguais – porque as minhas mãos, onde ele hoje cabe, foram por Si pensadas.

Foi cair no mistério de tudo isto. E perceber que nunca vou perceber. E está tudo bem, porque esse é exatamente o conceito de Natal no meu dicionário.

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