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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

note to self

Para as dúvidas dos outros, as nossas certezas.
Para as nossas dúvidas, as certezas de Deus.

Segundo a bula (obrigada R!), estas duas frases são o remédio que vais usar sempre que ouvires que estão a dar esse passo demasiado cedo, que vais perder o melhor da vida e que ainda tinhas tantos projetos únicos para fazer como solteira. Que há uma carreira profissional que perde fôlego, que deves namorar muitos anos já casada, sem crianças; essas virão um dia, com uma estabilidade que implica o carro, o gato (!), e o loft com vista rio. E claro, como não podia faltar, que se conhecem pouco um ao outro.

Nas contraindicações da bula estará aquilo que te vai apetecer responder, se não usares freio: que ninguém pediu opinião, que pela sociedade atual este passo era dado com uns 90 caquéticos anos de vida e já "sem nada a perder" e que a vida tem muito mais piada com uma pitada de arriscanço e outra de confiança em Quem sabe mais - muito mais. E quanto ao argumento do conhecem-se pouco, sorri e acena que sim e que ainda bem. Estranho seria conheceres o B como se tivessem convivido juntos toda uma vida - seria provavelmente teu irmão e o cenário casamento não se colocaria. Conheces precisamente aquilo que precisas, para saber que é este o homem que queres ao teu lado para sempre, e a quem queres ajudar a ser um homem melhor todos os dias da tua vida. Exatamente como ele fará contigo. Tinto.

E no final, quando te apetecer dizer isto que vem a seguir, cala-te. A intimidade é algo demasiado importante para distribuir por quem não lhe dá o devido valor. Deixa só escrito nestes sete degraus, onde ninguém nos ouve nem paga para ler: a forma como decidiste viver estes meses fez com que o conhecesses melhor do que muitos casais se conhecem ao fim de anos e anos de namoro. A entrega foi gradual, porque fugiste dos saltos em comprimento. Viver juntos viverão um dia, casados; viver numa relação como casados, viverão um dia, casados. Amor e uma cabana é lindo, mas costuma ter demasiada mosquitada a sobrevoar o terreno. E quanto à criançada, basta olhar para fotografias para ver como a moda passa rápido e o que é que eram aquelas calças à boca de sino e cabelo comprido que aquele senhor usava?! Porque daqui a muitos anos, aquilo que é moda agora - a mega casa, o kit de sonho e o carro descapotável - estarão obsoletos. Já os filhos, esses estarão para as curvas, a trazer anos e anos de alegria e preenchimento a toda uma família. Sejam eles zero, dois ou duzentos.

E no fim agradeces essa caraterística que te foi dada, uma verdadeira boia de salvação: que ouves pouco as opiniões alheias ao teu núcleo duro, principalmente quando pressentes que te levarão a um beco sem saída. E deixas que a alegria que levas na alma fale por si, sem precisares de convencer ninguém ali em cima na plateia D.

4 comentários:

Rita Xavier disse...

Ahah excelente!

AMG disse...

Lindo!

Joana Nestor disse...

Muito bom!

Bora miúda!!:)

Anónimo disse...

Lindo! Subscrevo!
Ana Oliveira